Retira-te!
Retira-te.
Retira-te quando sentes que estás fora da vida.
Retira-te quando o simples respirar se torna para ti num fardo.
Retira-te quando os teus olhos não enxergam a simplicidade.
Retira-te quando não sabes o que sentes, o que queres e o que amas.
Retira-te quando as palavras não te consolam e os abraços não te aquecem.
Retira-te quando te sentes inclinado pelo mundo.
Retira-te, porque a vida não se faz às cegas.
Retira-te antes que a vida te retire...
É no retirar que saberás para onde voltar e por onde caminhar. É nesta curta saída que darás a oportunidade de te encontrares contigo, com os outros e com Deus. Retira-te, porque não existe apenas vida no que a tua vista alcança nem somente naquilo que tu conheces. Há vida no silêncio. Na pausa. Na contemplação. No respirar. Na oração. E na entrega de uma vida que, mesmo sentindo-se perdida, confia numa fé que anda de esperanças. Há vida quando o ritmo do teu caminhar é mais lento. Há vida quando tiras tempo para perceberes com quem queres caminhar. Há vida mesmo quando já não te reconheces.
Retirares-te da vida e do mundo não te coloca fora de tudo. Coloca-te, isso sim, num maior comprometimento com tudo o que és e fazes. Retirares-te da vida dá-te a certeza de que és convidado, todos os dias, a reinventares-te. Retirares-te da vida leva-te a olhar para o alto.
Por isso, vai. Retira-te!
Retira-te e dá uma nova oportunidade a ti.
Retira-te e entra de novo no teu caminho dando passos firmes com Aquele que nunca se retira da tua vida.
Retira-te hoje e amanhã... e sempre que for preciso colocares-te do outro lado da estrada.