Temos muito medo de sair a perder na vida. Temos muito medo de perder a vida. 
Temos pavor de a perder enquanto vivemos, distraídos pela azáfama diária ou pelas eternas ilusões. Temos receio de nos perdermos em encontros e desencontros.
E, a verdade é que não fomos feitos para perder nada, nem ninguém, muito menos quando isso toca profundamente a nossa vida. Não gostamos de sair a perder. Não gostamos de não conseguirmos controlar tudo. Esta sensação de finitude e impotência, que nos toca e nos circunda, torna-nos tão pequenos ao ponto de acreditarmos que o que nos aterroriza é a morte, quando na verdade temos medo de arriscar numa vivência em plenitude. 
Tememos que as nossas próprias vidas se tornem numa total perda. Tememos que percam o interesse e a importância. Tememos que a orientação da nossa vida seja a falta de sentido. 
Tememos que nos abandonem, que nos rejeitem ou que nos ignorem. Tememos que nada, nem ninguém nos possa trazer à vida considerando que isso seja a verdadeira morte. 
Tememos que toda a nossa a passagem seja realizada em total desconhecimento sem que ninguém sinta a nossa ausência. 
Tememos tudo isto e por isso é que pensamos que saímos sempre a perder para a vida. 
Precisamos de encarar a vida como a nossa maior aposta. É nela que devemos investir com todas as ações. 
É nela que devemos capitalizar todo o nosso esforço para que no final a vida seja, efetivamente, a nossa maior doação para o mundo e o nosso maior lucro. 
Quando quisermos sair a ganhar na vida e pela vida, teremos de pô-la a render em taxas de juros para que possamos receber o lucro em verdadeiras prestações de bênçãos e graças. 
Quando quisermos sair a ganhar na vida e pela vida, teremos de a deixar nas mãos, na boca e no coração de todos aqueles que se cruzam connosco.