"A Igreja de Cristo tem de ser uma Igreja pascal, uma Igreja que nasceu da Páscoa e que existe para ser sinal e instrumento da Páscoa no mundo... A Igreja não existe para si própria. A sua razão de ser é a mesma de Jesus: serviço a Deus para salvar o mundo."

Óscar Romero

A obra desta semana é de caracter biográfico, evoca a vida de um reconhecido mártir da causa dos pobres, Óscar Romero, Arcebispo de San Salvador (capital de El Salvador).

O autor, Kevin Clarke desenvolve uma investigação apurada dando ao leitor, não apenas o percurso de Romero desde a sua infância até ser nomeado Arcebispo, mas também, a forma como o seu pensamento, a sua forma de ser e de servir a Igreja evoluiu ao longo de décadas, percorrendo até ao fim o caminho do martírio pela sua fé e pelo amor ao povo do seu país. Ao lermos estas páginas percebemos que a vida humana tem a capacidade de surpreender, de ultrapassar limites, ao ponto de forma consciente, ser capaz de dar a vida pelo outro, num acto de amor autêntico seguindo o exemplo de Cristo.

Ao viajarmos pela vida deste homem da Igreja, podemos compreender também o caminho efetuado pela Igreja da América Latina. Percebemos que este Arcebispo viveu num país profundamente desigual durante demasiadas décadas, em que as assimetrias entre os que tinham tudo e os cruelmente pobres eram quase inenarráveis. Para Kevin Clarke, a consciência desta desigualdade fez com que Romero começasse “a compreender que aquilo que seria necessário que os ricos dessem aos pobres não era uma mera caridade material, mas uma conversão do coração, que lhes permitisse compreender que aquilo de que os pobres de El Salvador mais precisavam não era uma migalha caída da sua mesa, mas um lugar à mesma; não era caridade, mas justiça.”

O lema episcopal de Óscar Romero era – Sentir com a Igreja – e esta mesma Igreja estava agora a desafiá-lo a ir mais além. Já em 1968, os Bispos da América Latina se tinham reunido em Medellín, na Colômbia. Deste encontro saiu um documento, conhecido como Documento de Medellín, em que já se proclamava: “Que se veja, na América Latina, o rosto cada vez mais resplandecente de uma Igreja verdadeiramente pobre, missionária e pascal, desligada de todo o poder temporal, e ousadamente empenhada na liberdade da pessoa integral e de todas as pessoas”. Este documento deixou marcas na vida deste homem, mas a força desta convicção tornou-se ainda mais forte quando ocorreu uma tragédia, o assassinato de um padre jesuíta Rutílio Grande, amigo de longa data de Óscar Romero.

O autor considera que “Romero talvez tenha compreendido de uma forma visceral o novo ensinamento do Concílio Vaticano II e de Medellín com que até então se debatera: o que significava fazer uma opção preferencial pelos pobres e unir-se ao povo de Deus na sua dor e sofrimento, como Rutílio fizera, mas até à expressão última de identidade e rendição, oferecendo a sua vida terrena.”

Esta forma de proceder de Óscar Romero assume uma atualidade e uma familiaridade nos dias de hoje à própria mensagem do Papa Francisco quando afirma sobre a necessidade da opção preferencial pelos pobres convidando a Igreja a vencer a “globalização da indiferença”. Por isso, consideramos realmente oportuna a máxima inscrita no subtítulo desta obra: “o amor deve triunfar”.

Informação disponível sobre o autor à data da edição desta obra:

“KEVIN CLARKE é editor-chefe e correspondente principal da revista America, e do respetivo portal americamagazine.org, para o qual contribui com podcasts, vídeo-reportagens, notícias e artigos. Foi editor da revista Salt of the Earth e editor-chefe, colunista e gestor de conteúdos digitais da revista U.S. Catholic e uscatholic.org.”

Índice:

Agradecimentos | Introdução | 1. A morte do arcebispo | 2. El Salvador de Romero | 3. O jovem sacerdote | 4. O clérigo cauteloso | 5. Pastor do seu povo | 6. Uma nação em crise | 7. Amor, a vingança dos cristãos | 8. A Locura | Conclusão: O dilúvio | Bibliografia.

Público-alvo: Jovem/Adulto

Ficha técnica:

Título – Óscar Romero – o amor deve triunfar | Autor – Kevin Clarke | Paulinas Editora, 1ª ed. Abr. 2015, 160 págs. | ISBN: 978-989-673-450-3.