Escreve! Escreve isso que acabas de dizer!
No desenrolar da conversa com a minha melhor amiga [é como irmã], digo algo e a Suzanne, com o entusiasmo que também a caracteriza: “Escreve! Escreve isso que acabas de dizer!”. Assim foi. E é uma das coisas que tenho pensado: “Não é o extraordinário que faz a vida, mas o quotidiano. O extraordinário o que faz é dar impulsos de vida para que o quotidiano siga no bom ritmo.” Se o fim-de-semana passasse a ser semana, não haveria a emoção de sexta-feira. Tal como a emoção daqueles dias que antecedem as férias, ou um evento especial. É impossível viver apenas do extraordinário, tal como é impossível viver sem ele. O quotidiano, o normal e, por vezes, o banal ajudam a digerir o que se viveu. A astúcia está em saber viver o momento: seja digno de registo ou não.
Ligado a isto do quotidiano, recordei um texto que escrevi a propósito do Pentecostes que celebramos por agora. Dia que gosto muito também:
O Espírito Santo, se estamos atentos e o permitimos, irrompe pelo quotidiano. Recria e vitaliza o que poderia ser o mesmo de sempre. Em doce suavidade ou vento que tudo levanta, une o diferente, como que harmonia de uma grande orquestra, em que as notas de sempre, interpretadas por quem dirige, ganham novo fulgor. Com o Espírito, o banal pode tornar-se uma peça de arte e inverte-se a lógica do entendimento: o inexplicável é traduzido pela beleza e pelo amor.
[Imagem: Mark Rothko]