Livro da semana: «Carregou as nossas dores»
Esta obra oferece aos leitores duas propostas de oração para viverem a Paixão de Jesus, em cada estação da Via-Sacra, de forma “livre e criativa”: em comunidade, num formato clássico de Via-Sacra com uma breve reflexão; e individualmente, através de uma proposta de reflexão pessoal ou partilhada mais ampla e profunda, propícia à meditação sobre o mistério da Cruz.
Na introdução, Timothy Radcliffe disponibiliza uma breve nota explicativa sobre a origem da Via-Sacra, afirmando que esta “antiga devoção é o fruto de duas tradições que estão sempre em frutífera tensão. Por um lado, Deus está em toda a parte; nós não temos de ir a nenhum lugar especial para encontrar o divino. Deus tanto está em Joanesburgo ou Jacarta como em Jerusalém. Por outro lado, Deus assumiu carne e sangue naquele ser humano particular, que viveu num remoto posto avançado do Império Romano, que, por isso, ainda hoje continua a ser para nós a Terra Santa. […] As Estações da Via-Sacra evoluíram de modo a que toda gente, em qualquer parte do mundo, pudesse fazer essa peregrinação sem deixar o seu país. Bastava deslocarem-se à sua igreja local. Foi uma brilhante reconciliação dessas convicções contrapostas, cada uma das quais abarca uma verdade da nossa fé; Deus está em toda a parte, e é maravilhoso que Ele tenha partilhado a nossa vida numa determinada época e local.”
Estas Estações transmitem, não apenas, as paragens de Jesus no caminho até à Cruz, mas também, “que Jesus abraçou os dramas de cada vida humana, os nossos triunfos e fracassos, as nossas alegrias e tristezas. Nas Estações da Via Sacra, recordamos que o Senhor está connosco, sobretudo quando parecemos encalhados e ter perdido de vista o caminho. Ele caminha connosco, tropeça connosco, quando nós vacilamos, ajudando-nos a firmar de novo os nossos passos.”
Disponibilizamos a oração inicial que introduz a Via-Sacra:
“Deus misericordioso,
enquanto partimos com Jesus, no início da sua Paixão,
abri os nossos ouvidos para escutarmos o seu convite
a tomarmos a nossa própria cruz,
em cada dia e a segui-lo.
Dai-nos a coragem para enfrentarmos os desafios
com que deparamos no caminho
e libertai-nos da paralisia do medo.
Fortalecidos pela vossa graça, que nos possamos ajudar
uns aos outros a levantarmo-nos.
Possamos nós confiar que, caminhando com o Senhor,
chegaremos juntos à plenitude da vida e da alegria,
que é a nossa esperança e o vosso dom.
Isto vos pedimos por Cristo, vosso Filho e nosso irmão.
Ámen.”
Informação disponível sobre o autor à data da edição desta obra:
Timothy Radcliffe (Londres 1945) “é um dos mais notáveis autores cristãos contemporâneos, para além de biblista e teólogo.
Frade dominicano, formado em Oxford e Paris, é membro da comunidade de Blackfriars, em Oxford.
Foi Mestre-Geral da Ordem dos Pregadores entre 1992 e 2001, sendo o único dominicano da Província Inglesa a exercer este cargo, desde a fundação da Ordem em 1216. Atualmente desempenha funções de docente em Oxford e de consultor do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, sendo frequentemente solicitado para conferências e palestras em todo mundo.