O Papa e as crianças

Vaticano 19 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Talvez seja inevitável, na atual tendência dos meios de comunicação, que a notícia do Papa na paróquia se limite a filmagens televisivas, a alguma frase breve, com crónicas e comentários sintéticos, que contudo ajudam. Mas quem quiser deveras compreender o Pontífice além de estereótipos que não correspondem à realidade deve olhar precisamente para as horas que o bispo de Roma, ao visitar as paróquias da sua diocese, passa sem pressa com os fiéis. Com efeito, nelas se capta a sua proximidade do povo comum, das crianças, das mães que carregam ao colo os seus filhos, dos idosos, com uma capacidade de encontro à qual muitas vezes é suficiente a escuta, uma oração em silêncio e com os olhos fechados, uma bênção, invocada durante a visita a Ponte di Nona também sobre alguns muçulmanos. 

Uma proximidade que Bergoglio na sua vida precedente de religioso e depois de bispo sempre demonstrou em relação a todos, procurando encontrar os distantes, os marginalizados, os pobres, como recordou também durante a sede vacante. «A Igreja está chamada a sair de si mesma e a ir às periferias, não só as geográficas, mas também as existenciais: as do mistério do pecado, do sofrimento, da injustiça, da ignorância e da ausência de fé, do pensamento de qualquer forma de miséria» dissera, traçando depois o perfil do Papa a ser eleito, «um homem que, através da contemplação de Jesus Cristo e da adoração de Jesus Cristo, ajude a Igreja a sair de si mesma para ir às periferias existenciais».

Por conseguinte, surpreendem as imagens de Francisco na paróquia romana circundado de crianças, mas faz ainda mais refletir o diálogo com elas, extraordinário na sua simplicidade, sobre a figura papal. Focalizando imediatamente o essencial: por que te tornaste Papa? Que foi logo transformado numa lição de catecismo e de história muito eficaz, que não será esquecida porque foi contada em primeira pessoa pelo eleito que, paciente, encorajava as crianças.

O importante? Sobretudo «rezamos», depois «o Senhor envia o Espírito Santo e o Espírito Santo ajuda na eleição». E quem é escolhido «talvez não seja o mais inteligente, nem sequer o mais astuto, nem sequer o que mais despacha as coisas, mas é aquele que Deus quer para aquele momento da Igreja». Depois, «virá outro, que será diferente, será diverso, talvez seja mais inteligente ou menos, não sabemos, mas virá outro do mesmo modo: eleito pelo grupo dos cardeais sob a luz do Espírito Santo».

E eis portanto o Papa, explicado não só às crianças, num tempo em que, também na Igreja, alguém corre o risco de se esquecer do sentir católico. E as dificuldades? «Há e haverá, mas não nos devemos assustar, as dificuldades superam-se, vai-se em frente, com a fé, com a força, com a coragem» respondeu Francisco, que vai em frente, precisamente, com fé, força e coragem.

 

L'Osservatore Romano]

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