Tailândia: Homilia do Papa Francisco na Eucaristia com Jovens
"Vamos ao encontro do Senhor, que vem! Não tenham medo do futuro e não desanimem, pois o Senhor os aguarda para preparar e celebrar o banquete no seu Reino". Palavras do Santo Padre na Celebração Eucarística para os Jovens, na Catedral da Assunção, em Banguecoque, último compromisso do Papa Francisco na Tailândia, 23 de novembro.
Leia, na íntegra, a homilia do Santo Padre!
Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que vem! O Evangelho, que acabamos de ouvir, convida a pormo-nos em movimento com o olhar fixo no futuro, para nos encontrarmos com o mais belo dom que nos reserva: a vinda definitiva de Cristo à nossa vida e ao nosso mundo. Demos-Lhe as boas-vindas ao nosso meio, com imensa alegria e amor como só vós, jovens, sabeis fazer! Sabemos que, antes de sairmos à sua procura, já o Senhor nos procurava; vem ao nosso encontro e chama-nos a partir da história que é necessário construir, criar, inventar. Vamos com alegria, porque sabemos que Ele nos espera lá.
O Senhor sabe que através de vós, jovens, entra o futuro nestas terras e no mundo, e conta convosco para continuar hoje a sua missão (cf. Christus vivit, 174). Assim como Deus tinha um plano para o povo escolhido, também tem um plano para cada um de vós. Ele é o primeiro a sonhar em convidar-nos a todos para um banquete que devemos preparar juntos, Ele e nós, como comunidade: o banquete do seu Reino, do qual ninguém deveria ser excluído.
O Evangelho de hoje fala-nos de dez jovens convidadas a olhar para o futuro e participar na festa do Senhor. O problema é que algumas delas não estavam preparadas para O receber; não porque adormeceram, mas porque lhes faltou o azeite necessário, o combustível interno para manter aceso o fogo do amor. Com grande entusiasmo e motivação, queriam tomar parte na chamada e convocação do Mestre, mas, com o tempo, as forças e os anseios foram-se amortecendo, apagando, e chegaram tarde. É uma parábola daquilo que pode acontecer connosco, os cristãos, quando ouvimos, cheios de entusiasmo e decisão, a chamada do Senhor para tomar parte no seu Reino e partilhar a sua alegria com os outros. Mas com frequência, perante os problemas e obstáculos que muitas vezes são tantos (como cada um de vós bem sabe, no seu coração), perante o sofrimento de pessoas queridas ou a impotência sentida face a situações que parecem impossíveis de ser alteradas, então a desconfiança e a amargura podem ganhar espaço e infiltrar-se silenciosamente nos nossos sonhos, fazendo com que se resfrie o coração, percamos a alegria, e cheguemos tarde.
Por isso, gostaria de vos perguntar: Quereis manter vivo o fogo que vos pode iluminar no meio da noite e no meio das dificuldades? Quereis preparar-vos para responder à chamada do Senhor? Quereis estar prontos para cumprir a sua vontade?
Como obter o azeite que possa manter-vos em movimento e encorajar-vos a buscar o Senhor em todas as situações?
Sois herdeiros duma magnífica história de evangelização, que vos foi transmitida como um tesouro sagrado. Esta bela Catedral é testemunha da fé em Jesus Cristo que tiveram os vossos antepassados: a sua fidelidade, profundamente arraigada, impeliu-os a cumprir boas obras, a construir o outro templo ainda mais esplêndido, composto de pedras vivas para poder levar o amor misericordioso de Deus às a todas as pessoas do seu tempo. E conseguiram fazê-lo, porque estavam convencidos daquilo que o profeta Oseias diz na primeira Leitura de hoje: Deus falara-lhes com ternura, abraçara-os com um amor forte, para sempre (cf. Os 2, 16.21-22).
Queridos amigos, para que o fogo do Espírito Santo não se apague e possais manter despertos o olhar e o coração, é necessário estar arraigados na fé dos mais velhos: pais, avós, professores. Não para ficar prisioneiros do passado, mas para aprender a ter a mesma coragem, capaz de nos ajudar a responder às novas situações históricas. A vida deles resistiu a muitas provações e sofrimentos. Mas descobriram, ao longo do caminho, que o segredo dum coração feliz é a segurança que encontramos quando estamos ancorados, enraizados em Jesus: na sua vida, nas suas palavras, na sua morte e ressurreição.
«Já me aconteceu ver árvores jovens, belas, que elevavam seus ramos sempre mais alto para o céu; pareciam uma canção de esperança. Mais tarde, depois duma tempestade, encontrei-as caídas, sem vida. Estenderam os seus ramos sem se enraizar bem na terra e, por ter poucas raízes, sucumbiram aos assaltos da natureza. Por isso, custa-me ver que alguns propõem aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse agora. Com efeito, é impossível uma pessoa crescer, se não possui raízes fortes que a ajudem a estar firme de pé e agarrada à terra. [Moços e moças, é muito] fácil extraviar-se, quando não temos onde agarrar-nos, onde firmar-nos» (Christus vivit, 179).
Sem este sentido forte de enraizamento, podemos ficar perplexos com as «vozes» deste mundo que reclamam a nossa atenção. Muitas delas são atraentes, propostas bem confecionadas, que inicialmente parecem bonitas e intensas, mas, com o passar do tempo, acabam por deixar apenas o vazio, o cansaço, a solidão e a frustração (cf. ibid., 277), e vão apagando aquela centelha de vida que um dia o Senhor acendeu em cada um de nós.
Queridos jovens, sois uma nova geração, com novas esperanças, sonhos e interrogativos; seguramente também com algumas dúvidas, mas, enraizados em Cristo, convido-vos a manter viva a alegria e a não ter medo de olhar para o futuro com confiança. Arraigados em Cristo, olhai com alegria, olhai com e confiança. Esta condição nasce da certeza de se saber procurado, encontrado e amado infinitamente pelo Senhor. A amizade cultivada com Jesus é o azeite necessário para iluminar o caminho; não só o vosso caminho, mas também o de todas as pessoas que vos rodeiam: amigos, vizinhos, colegas de estudo e trabalho, mesmo o caminho de quantos estão em total desacordo convosco.
Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que vem! Não tenhais medo do futuro nem vos deixeis aviltar; pelo contrário, sabei que lá no futuro está à vossa espera o Senhor para preparar e celebrar a festa do seu Reino.
Agradecimento do Santo Padre no final da Eucaristia com os jovens
No final desta celebração, quero agradecer a todos aqueles que tornaram possível a minha visita à Tailândia e a quantos colaboraram na realização.
Renovo a expressão da minha gratidão a Sua Majestade o Rei Rama X, ao Governo e demais Autoridades do país pela sua primorosa hospitalidade. De coração agradeço aos meus irmãos Bispos, nomeadamente ao Cardeal Francis Xavier, bem como aos sacerdotes, às religiosas e religiosos, aos fiéis leigos e de modo especial a vós, os jovens!
Um obrigado cordial aos voluntários, que colaboraram com tanta generosidade, e a quantos me acompanharam com as suas orações e sacrifícios, particularmente os doentes e encarcerados.
O Senhor vos recompense com a sua consolação e a paz, que só Ele pode dar. E deixo-vos uma tarefa: não vos esqueçais de rezar por mim. Muito obrigado!