Papa no Angelus: Deus é sempre o primeiro a procurar-nos, a amar-nos
As leituras bíblicas deste domingo, festa da Santíssima Trindade – disse o Papa na sua reflexão antes da oração mariana do Angelus – nos ajuda a entrar no mistério da identidade de Deus. Francisco citou a carta de São Paulo aos Coríntios em que ele saúda essa comunidade dizendo-lhe “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja com todos vós”. Essa bênção do Apóstolo – disse Francisco – é fruto da sua experiencia pessoal do amor de Deus que transformou a sua vida e o estimulou a levar o Evangelho às gentes. E com base nessa experiencia exorta os corintios a serem alegres, a procurarem a perfeição, a se encorajarem uns aos outros.
A comunidade cristã – prosseguiu o Papa – embora com os seus limites humanos pode tender a ser reflexo dessa comunhão da Trindade, da sua bondade e beleza. Mas isto passa necessariamente através da experiência da misericórdia, do perdão de Deus.
É isto que acontece aos hebreus a caminho do êxodo. Deus se apresentou a Moisés para renovar o pacto depois da ruptura da aliança. Deus não está, portanto, longe nem fechado em si mesmo, é misericordioso, piedoso, rico de amor e fidelidade, rico de graça. Se dá a nós para colmatar os nossos limites e as nossas faltas, para perdoar os nossos erros e nos reconduzir ao caminho da justiça e da verdade.
Esta revelação de Deus atingiu a sua plena realização no Novo Testamento – disse o Papa. Jesus manifesta o rosto de Deus, Uno e Trino.
“Deus é tudo e só amor, numa relação subsistente que tudo cria, redime, santifica: Pai e Filho e Espirito Santo”
O Papa recordou depois que o Evangelho deste domingo põe em cena Nicodemo, que não obstante o papel relevante que tinha na sua comunidade, nunca deixou de procurar Deus e acaba por ouvir o eco da sua voz. No dialogo com Jesus ele compreende que é procurado por Deus que o ama pessoalmente. E Jesus diz-lhe: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho, unigénito, a fim de que quem acredita n’Ele não se perca nunca, mas tenha a vida eterna”. Mas o que é afinal a vida eterna – perguntou o Papa, que logo respondeu:
“É o amor desmedido e gratuito do Pai que Jesus manifestou na Cruz, dando a sua vida pela nossa salvação. Este amor com a acção do Espírito Santo irradiou uma luz nova sobre a terra e em cada coração humano que o acolhe: uma luz que revela os recantos obscuros, as durezas que nos impedem de levar os frutos bons da caridade e da misericórdia”.
E o Papa concluiu invocando a ajuda da Virgem Maria para que possamos entrar cada vez mais, com todo o nosso ser, na Comunhão trinitária, para viver e testemunhar o amor que dá sentido à nossa existência.
Depois da Oração mariana do Ângelus, Francisco recordou que ontem em La Spezia, no noroeste da Itália, foi beatificada Ítala Mela, uma jovem ateia que acabou por se converter depois de uma intensa experiencia espiritual. Empenhou-se então no mundo estudantil católico universitário e passou depois a fazer parte das Oblatas Beneditinas e realizou um percurso místico centrado no mistério da Santíssima Trindade que hoje de modo especial celebramos..
O testemunho da nova Beata nos encoraje, ao longo dos nossos dias, a elevar, com frequência, o nosso pensamento a Deus Pai, Filho e Espirito Santo que habita na cela do nosso coração.
A seguir o Papa saudou diversos grupos presentes na Praça de São Pedro, incluindo um grupo da comunidade boliviana de Roma, que hoje comemora Nossa Senhora de Copacabana. E a todos desejou um Bom domingo, pedindo como sempre para não nos esquecermos de rezar por ele.