Catequese Jubilar: «Jesus Cristo, nossa esperança» | 2
Ciclo – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança. I. A infância de Jesus. 3. "Porás o nome de Jesus" (Mt 1,21). O anúncio a José
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje continuamos a contemplar Jesus no mistério das suas origens, narrado pelos Evangelhos da infância.
Enquanto Lucas nos permite fazê-lo na perspetiva da mãe, a Virgem Maria, Mateus, pelo contrário, coloca-se na perspetiva de José, o homem que assume a paternidade legal de Jesus, enxertando-o no tronco de Jessé e ligando-o à promessa feita a David.
Com efeito, Jesus é a esperança de Israel que se cumpre: é o descendente prometido a David (cf. 2 Sm 7, 12; 1 Cr 17, 11), que torna a sua casa «abençoada para sempre» (2 Sm 7, 29); é o rebento que brota do tronco de Jessé (cf. Is 11, 1), o «rebento justo», destinado a reinar como verdadeiro rei, que sabe exercer o direito e a justiça (cf. Jr 23, 5; 33, 15).
José entra em cena no Evangelho de Mateus como noivo de Maria. Para os judeus, o noivado era um verdadeiro vínculo jurídico, que preparava para o que haveria de acontecer cerca de um ano mais tarde, ou seja, a celebração do casamento. Era então que a mulher passava da guarda do pai para a do marido, transferindo-se para a sua casa e tornando-se disponível para o dom da maternidade.
É precisamente neste intervalo de tempo que José descobre a gravidez de Maria, e o seu amor é duramente posto à prova. Perante uma situação semelhante, que comportaria a interrupção do noivado, a Lei sugeria duas possíveis soluções: ou um ato jurídico de caráter público, como a convocação da mulher ao tribunal, ou uma ação particular, como a entrega à mulher de uma carta de repúdio.
Mateus define José como um homem «justo» (zaddiq), um homem que vive segundo a Lei do Senhor, que se inspira nela em todas as ocasiões da sua vida. Portanto, seguindo a Palavra de Deus, José age com ponderação: não se deixa dominar por sentimentos instintivos, nem pelo medo de acolher Maria, mas prefere deixar-se guiar pela sabedoria divina. Prefere separar-se de Maria sem clamor, privadamente (cf. Mt 1, 19). E esta é a sabedoria de José, que lhe permite não se enganar, abrir-se e tornar-se dócil à voz do Senhor.
Deste modo, José de Nazaré traz à mente outro José, filho de Jacob, chamado «senhor dos sonhos» (cf. Gn 37, 19), tão amado pelo pai e tão odiado pelos irmãos, que Deus elevou, levando-o a fazer parte da corte do Faraó.
Pois bem, com o que sonha José de Nazaré? Sonha com o milagre que Deus realiza na vida de Maria, e também com o milagre que cumpre na sua própria vida: assumir uma paternidade capaz de conservar, proteger e transmitir uma herança material e espiritual. O ventre da sua esposa está grávido da promessa de Deus, promessa que tem um nome no qual a certeza da salvação é oferecida a todos (cf. At 4, 12).
Durante o sono, José ouve estas palavras: «José, filho de David, não tenhas medo de receber Maria como esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). Perante esta revelação, José não pede mais provas, confia! José confia em Deus, aceita o sonho de Deus sobre a sua vida e a da sua noiva. Assim entra na graça de quem sabe viver a promessa divina com fé, esperança e amor.
Em tudo isto, José não pronuncia sequer uma palavra, mas crê, espera e ama. Não se expressa com “palavras ao vento”, mas com gestos concretos. Pertence à linhagem daqueles a quem o apóstolo Tiago chama os que «põem em prática a Palavra» (cf. Tg 1, 22), traduzindo-a em ações, em carne, em vida. José confia em Deus e obedece: «A sua vigilância interior para Deus... torna-se espontaneamente obediência» (Bento XVI, A infância de Jesus, Milão-Cidade do Vaticano 2012, 57).
Irmãs, irmãos, peçamos também nós ao Senhor a graça de escutar mais do que falamos, a graça de sonhar os sonhos de Deus e de acolher responsavelmente Cristo que, a partir do momento do nosso batismo, vive e cresce na nossa vida. Obrigado!