Ângelus: «Amor, boas ações e caridade antes do encontro com o Senhor»
O Papa Francisco presidiu hoje, domingo, 12 de Novembro de 2017, às 12 horas locais de Roma, a habitual cerimónia mariana do Ângelus na Praça S. Pedro, hoje repleta de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo.
Comentando a página do Evangelho (Mt 25, 1-13), deste domingo, trigésimo segundo do tempo comum, Francisco disse que ela, mediante a parábola das dez virgens, indica-nos a condição para entrar no Reino dos céus. As dez virgens, sublinhou o Santo Padre, eram de facto aquelas moças cuja principal tarefa naquela época, era acolher e acompanhar os esposos para a cerimónia do matrimónio, que era realizado durante a noite. Razão pela qual, elas estavam sempre munidas de uma lâmpada.
Ora, acrescentou o Pontífice, a parábola nos diz que cinco destas moças virgens eram sábias e prudentes, enquanto as outras cinco eram simplesmente insensatas. A prova de tudo isso, é o facto que as moças sensatas levaram consigo o óleo, o azeite, para as lâmpadas, enquanto que as insensatas não levaram nada consigo. O esposo demora a chegar e todas elas, seja as insensatas como também as sensatas, adormecem. À meia noite é anunciada a chegada do esposo é só naquele preciso momento é que as moças insensatas deram-se na conta de não terem levado consigo o óleo, o azeite para as lâmpadas, vão então ter com as suas colegas sensatas e lhes dizem: “dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se”. Mas as sensatas responderam: “Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores”. Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo: as que estavam preparadas, isto é, as virgens sensatas, entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. As outras virgens insensatas chegaram muito tarde e disseram: “Senhor, Senhor, abre-nos a porta”. Mas ele respondeu-lhes: “em verdade vos digo: não vos conheço”. Foi assim que elas ficaram então fora.
O que é que Jesus nos quer ensinar com esta parábola? Recorda-nos que devemos estar prontos para o encontro com Ele. Muitas vezes no Evangelho, Jesus exorta-nos à vigilância e o faz também no fim da narração desta página evangélica: “Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora”. Mas com esta parábola nos diz também que vigiar que não significa somente não adormecer, mas estar preparados; de facto todas as virgens adormeceram antes da chegada do esposo, mas ao acordarem, algumas delas estavam prontas e outras não. Aqui está precisamente o significado do ser sábio, sensato e prudente: trata-se de não esperar o último momento da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas de fazê-lo já a partir de agora. Quanto seria bom pensarmos o nosso dia como se fosse o último da nossa existência terrena.
A lâmpada, sublinhou Francisco, é o símbolo da fé que ilumina a nossa vida, enquanto que o óleo, o azeite, é o símbolo da caridade que alimenta, torna fecunda e credível a luz da fé. Daí que, acrescentou o Papa, a condição para estarmos prontos ao encontro com o Senhor, não é somente ter a fé, mas termos também uma vida cristã rica de amor para com o próximo.
Se nos deixarmos guiar por aquilo que nos parece mais cómodo, pela procura dos nossos interesses, a nossa vida torna-se estéril, incapaz de dar vida aos outros e não acumulamos nenhuma quantia de azeite para a lâmpada da nossa fé e ela se apagará no preciso momento da vinda do Senhor ou então muito antes até. Se pelo contrário somos vigilantes e procuramos fazer o bem mediante gestos de amor, de partilha, de serviço ao próximo em dificuldade, podemos estar tranquilos enquanto esperamos a vinda do esposo: o Senhor poderá vir em qualquer momento e também o sono da morte não nos espantará, porque temos connosco, a reserva do azeite, acumulado mediante as boas obras quotidianas. A fé inspira a caridade e a caridade cura a fé.
Que a virgem Maria, concluiu dizendo Francisco, nos ajude a tornar a nossa fé sempre mais operosa por meio da caridade, para que a nossa lâmpada possa resplandecer já aqui, no caminho terreno e depois para sempre, durante a festa das núpcias, no paraíso.
Após a recitação da oração mariana do Ângelus, o Santo Padre informou aos milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro que, disse, “ontem, sábado, (11 de Novembro), na capital espanhola, Madrid, foram proclamados beatos Vicente Queralt LLoret e vinte companheiros mártires, e José Maria Fernández Sánchez juntamente aos trinta oito companheiros mártires. Os novos Beatos, acrescentou o Papa, eram, alguns, membros da Congregação da Missão: alguns eram sacerdotes, religiosos e outros eram eram leigos pertencentes à Associação da Medalha Milagrosa. Todos eles, recordou o Papa, foram assassinados por ódio à fé durante a perseguição religiosa do período da guerra civil espanhola, entre 1936 e 1937. Demos graças a Deus, pelo grande dom destes testemunhos exemplares de Cristo e do Evangelho, disse o Santo Padre.
Finalmente, Francisco saudou todos os presentes: famílias, paróquias, associações e féis provenientes de diversas partes da Itália e do mundo para assistir à oração Mariana do Ângelus deste domingo na Praça de S. Pedro. A todos, augurou um bom domingo e pediu que por favor não se esqueçam de rezar por ele. Bom almoço e até próxima, disse.