AIS: O Bispo que não desiste
Primeiro foram os terroristas do Boko Haram. Agora são os fulani, tribos nómadas que deixam um rasto de destruição e sofrimento por onde passam. Tanto num caso como no outro, parece haver um alvo: a comunidade cristã. A situação é de tal forma grave que a Igreja já avisou que a Nigéria está à beira da guerra civil. Mas há um Bispo que não desiste…
Dia 24 de Janeiro. Grupos de pastores fulani emboscaram algumas aldeias cristãs provocando o pânico entre os seus habitantes que se viram obrigados a fugir para salvar a própria vida. Os fulani são, na sua maioria, pastores nómadas e costumam andar armados. Por onde passam deixam quase sempre um rasto imenso de destruição. São nómadas, procuram pastagens para os seus animais e não têm contemplações. Os agricultores, quase sempre cristãos, acusam os fulani de destruírem as suas plantações, os seus terrenos, as suas aldeias. A situação é terrível. Em Janeiro, em consequência da vaga de ataques na região centro da Nigéria, registaram-se pelo menos 75 mortos, mais de oito dezenas de casas incendiadas em 14 aldeias cristãs e a perda de muitos animais que eram também o sustento das populações. Na Nigéria, parece que o sofrimento dos Cristãos não tem fim… Depois dos sucessivos ataques do grupo islamita Boko Haram, eis que surge mais uma terrível ameaça para as comunidades cristãs. A situação é mesmo muito grave. Um dos bispos nigerianos que mais tem procurado denunciar ao mundo a situação em que se encontra a comunidade cristã é D. Matthew Ndagoso, Arcebispo da Diocese de Kaduna, no norte do país. Em declarações à Fundação AIS, este bispo referiu a violência extrema que está a ser exercida contra os Cristãos, visível, por exemplo, no número impressionante de deslocados e refugiados. E disse que, se nada se fizer para interromper toda esta violência, corre-se mesmo o risco “de extinção do cristianismo” nesta região de África. De facto, principalmente no norte da Nigéria, além dos ataques do Boko Haram, a lei da sharia já faz parte da vida quotidiana. Por causa disso, a educação religiosa cristã passou a ser proibida ou fortemente restringida e os Cristãos estão impedidos de construir novas igrejas. No entanto, as mesquitas são subsidiadas pelos governos regionais… Para o Arcebispo Ndagoso, no norte da Nigéria os Cristãos são cidadãos de segunda categoria.
Fé extraordinária
Também o Bispo de Maiduguri tem exigido maior intervenção na defesa das comunidades cristãs. Situada no norte do país, a região de Maiduguri detém a terrível distinção de ser uma das dioceses mais afectadas pela violência do islamita Boko Haram, que iniciou precisamente aí, em 2009, o seu reino de terror. Além de milhares de mortos, os terroristas destruíram – só nesta diocese – 25 escolas e 3 hospitais geridos pela Igreja, além de terem profanado e danificado cerca de 200 igrejas e 3 mosteiros. No entanto, apesar de toda esta violência, os Cristãos de Maiduguri continuam a revelar uma fé extraordinária. Em declarações à Fundação AIS, D. Oliver Doeme, Bispo de Maiduguri, afirma que “é realmente incrível como, apesar de tudo, os cristãos continuam a assistir à Missa”. São atacados e até mortos por causa da sua fé e, mesmo assim, continuam a demonstrar toda a sua devoção religiosa. Na Diocese de Maiduguri, os deslocados por causa do terror islamita são a prioridade do bispo. Calcula-se que serão mais de 100 mil. Só ali, só nesta diocese… Entre eles há inúmeras crianças órfãs. É para elas que D. Oliver nos pede ajuda. É aqui, uma vez mais, que a generosidade dos benfeitores e amigos da Fundação AIS pode fazer a diferença. Diz o Bispo: “Nunca poderemos agradecer tudo o que têm feito por nós. O apoio da AIS tem-nos permitido sobreviver nestes tempos tão duros”. D. Oliver não desiste. Ele sabe que pode contar com a ajuda da Fundação AIS. Ele sabe que pode contar consigo.