AIS: Asha - Os Cristãos na Índia
Tem três filhos e um marido. Vive num casebre a que chama casa mesmo ao lado da linha do comboio. Trabalha no campo, horas a fio. O marido faz biscates. Ganha 50 rupias por dia. Pouco mais do que 60 cêntimos. Diz que vive esquecida num canto do mundo. Pertence aos “dalits”, os intocáveis, os que não têm direitos no sistema de castas da Índia e pede-nos ajuda.
Casou aos 15 anos e o marido levou-a para a sua aldeia, no norte da Índia. A aldeia é um amontoado de casebres com paredes de tijolos colados grosseiramente uns em cima dos outros. Asha, tal como o marido e os três filhos, pertence aos “dalits”, os intocáveis, os que não têm direitos no complexo sistema de castas da Índia. Ser “dalit” é como ter lepra. Os outros afastam-se. Tudo o que Asha toca fica impuro. Por isso, ela e todos os “dalits” são intocáveis. Sujam. Na Índia, um país em que a maioria da população é hindu, os Cristãos são uma minoria. Não mais do que 2,3% . Destes, calcula-se que cerca de 60% sejam “dalits”. São intocáveis, como Asha. Os dias, para Asha, parecem não ter fim. Todos os dias, ela defronta-se com dilemas insuportáveis. Sobreviver quando se tem as mãos vazias é uma tarefa impossível. Asha não conhece outra realidade. O casebre a que chama casa sofreu imenso com o mau tempo. O colmo que fazia de telhado soçobrou. A chuva entra, por vezes impiedosa, tal como o vento frio. “A minha casa precisa de reparações, mas não as posso fazer. Quando chove, não posso cozinhar. O telhado deixa entrar a água. As crianças vão para a cama com fome.” Asha não nos diz a idade. Terá pouco menos de 40 anos. O seu olhar não esconde, porém, uma profunda tristeza. Asha nasceu intocável, tal como os seus filhos, tal como os seus pais, tal como os pais dos seus pais. No universo hindu existem centenas de castas. Quatro são principais, muitas são secundárias. Os “dalits” estão na base de todo esse sistema. Não têm direitos. São quase invisíveis. Parecem invisíveis. Para eles sobra apenas o que a sociedade rejeita.
Esquecidos de todos
Os “dalits” só conseguem ambicionar os trabalhos menores, como serem varredores das ruas, sapateiros, carregadores. O marido de Asha faz tudo o que pode quando consegue trabalho. Mas nem sempre há biscates. Ela vai para os campos. Juntos vivem na miséria. A base da alimentação desta família é o arroz. Tudo o resto é quase um luxo. Asha sabe que dificilmente os seus filhos poderão algum dia libertar-se desta situação miserável. Dificilmente. No entanto, tem esperança. Melhor: tem fé. “Esforço-me no trabalho nos campos e desejo que os meus filhos não tenham a mesma vida que eu. Aos domingos vou à igreja com eles, os meus filhos. Em casa rezo a Maria, a nossa Mãe. Peço a Maria que proteja os meus filhos e nos livre de todo o mal.” Asha é tão humilde que nem se atreve a pedir muito. Pedir é já uma ousadia para quem nunca teve nada. Ela apenas pede ajuda. As suas palavras são um lamento quase imperceptível. Já se resignou. Asha fala, pode mesmo gritar, mas o mundo não a escuta. Tal como os outros “dalits”, ela passa nas ruas, com o marido e os três filhos, e ninguém repara neles. Por causa da sua insignificância, tornou-se invisível ao coração de todos os outros. Ela pede-nos ajuda. “Vivemos neste canto do mundo, esquecidos de todos… Há tantos pobres neste lugar…” Todos os dias, Asha tem um dilema para resolver: “Ganhamos 50 rupias por dia. Com esse dinheiro, não posso cuidar de todas as necessidades da casa. Devo comprar sal e arroz para a minha família ou mandar os meus filhos para a escola?” O dilema de Asha é um desafio para nós, nesta Quaresma. Se os seus filhos não estudarem, vão ser seguramente tão pobres como ela é agora… Vamos ajudá-la?
Campanha da Quaresma da Fundação AIS
Os Cristãos na Índia: pobres, discriminados, proscritos.
Eles são testados na fé. Nós somos testados no amor.
Ajude-os a ser testemunhas da fé e a sua fé também mudará.
□ Sim, quero ajudar a Asha e os cristãos "dalits" da Índia. NIB: PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8