«O Papa viu em mim um apoio firme para a reforma da Igreja»
Olha para a decisão de Francisco "com algum humor", para não se levar "demasiado a sério". Na sua primeira entrevista desde que foi nomeado cardeal, D. António Marto lembra que "o mal também entra na Igreja" e lamenta a ausência de "grandes figuras políticas de referência" numa Europa que "dá sinais de estar cansada a todos os níveis". Sobre o papel dos recasados católicos sublinha: "A Amoris Laetitia é muito clara, só quem não quiser é que não vê a clareza."
ENTREVISTA RÁPIDA
De que tem medo?
Eu não tenho medo de morrer. Tenho esta fé de que vai ser um grande encontro. Terei medo, por ventura, do sofrimento. Toda a gente tem, não é? Mas penso que o Senhor me dará essa fortaleza de passar essa fase. Se tiver de a passar.
Como passa o seu tempo livre? Tem hóbis?
Gosto de ler artigos em revista, gosto de ouvir música clássica para me repousar.
Por exemplo?
Gosto dos clássicos. De Mozart, Beethoven, Vivalvi.
E romances ou policiais?
Agora não tenho ido para aí. Li e tenho a obra toda de Miguel Torga, de Agustina Bessa-Luís, da Sophia. Fui lendo. Agora já não tenho tanto tempo.
E qual é o seu destino de férias?
Faço férias com a minha irmã e o meu cunhado na praia. No Norte, sempre. Onde? É segredo.
E desporto?
Já deixei de praticar. Quando era seminarista praticava e gostava muito de voleibol, era o meu preferido. E basquetebol. E fui guarda-redes de hóquei em campo.
E futebol?
Gosto de ver, mas não tinha muito jeito. Gosto mais de ver na televisão do que no campo. Fui às vezes, mas agora o Leiria deixou de jogar aqui no estádio.
É o seu clube, o Leiria?
Não, o meu clube é o Sporting, que agora anda nas ruas da amargura.
E ocupa-lhe muito tempo...
Não (risos). Não sou um tiffosi, um fanático, como dizem os italianos. No futebol, se ganhar fico satisfeito, mas se perder, não perco o gosto ou o apetite para comer ou para dormir.
Qual é o seu lugar preferido em Roma?
Eu vivi sete anos em Roma. E depois estive 19 anos sem lá ir. Quando lá voltei quis fazer sozinho o percurso que costumava fazer do colégio português até à universidade. Até as pedras falavam! Agora, vou lá todos os anos. Gosto muito da Via della Conziliazione até à Praça Navona. Gosto muito da Praça Navona. Vivi no colégio alemão, lá perto. Gosto de comer gelados e de uns restaurantes que conheço lá.