Teresa e Diana: a improvável amizade entre uma santa e uma princesa

Notícias 27 julho 2018  •  Tempo de Leitura: 6

Há algo de bonito na amizade entre dois indivíduos que parecem ser tão diferentes quanto a noite e o dia. O que uma santa canonizada, que abraçou uma vida de pobreza na Índia, tem em comum com uma princesa do País de Gales? Na verdade, a princesa Diana partilhou algo com a Madre Teresa que poucos tabloides revelaram: o desejo de levar amor aos não queridos.

 

Um compromisso com os pobres e esquecidos

 

A freira e a princesa conheceram-se em 1992 no convento em Roma, de acordo com Mary C. Johnson, uma ex-missionária da caridade que estava presente na reunião. Mary lembra que Madre Teresa levou Diana para a sala privada, onde falaram sozinhas durante quase meia hora. O que elas falaram permanece um mistério.

 

Depois, as duas passaram um tempo na capela, como Johnson relata, “A Madre disse-me que ela e Diana queriam ficar sozinhas com Jesus”. As duas tiraram os sapatos antes de entrar, como era costume para as Missionárias da Caridade, e Johnson relembra: “Nunca esquecerei a visão dos sapatos pretos brilhantes de Diana próximos às sandálias da Madre… [os sapatos] pareciam ter sido usados apenas para aquela ocasião. A Madre usava o mesmo par de sandálias todos os dias há mais de uma década”.

 

A princesa Diana referiu-se a este encontro com a Madre Teresa como a realização de um sonho de longa data.

 

Em junho de 1997, encontraram-se novamente na cidade de Nova York. De acordo com The Independent, Diana e Madre Teresa “caminharam de braços dados pelas ruas do Bronx de Nova York… Elas rezaram juntas durante a visita de 40 minutos, e a Madre Teresa abençoou a Princesa”. Foi a última vez que elas estiveram juntas antes das suas mortes.

 

O acidente de carro que levou a vida da princesa aconteceu dois meses depois, a 31 de agosto. Madre Teresa imediatamente enviou suas condolências, dizendo: “Ela estava muito preocupada com os pobres. Ela estava muito ansiosa para fazer algo por eles, e isso era lindo. É por isso que ela estava perto de mim”. Embora Diana, protestante, tenha sido enterrada segurando um rosário que ganhou da freira, Madre Teresa não viveu para participar do funeral – ela morreu exatamente no dia anterior ao funeral.

 

A amizade partilhada por estas mulheres é evidência de que o companheirismo autêntico e os valores partilhados transcendem a aparência e o status social. Madre Teresa renunciou aos seus pertences e viveu entre os mais pobres dos pobres durante a maior parte de sua vida. A princesa Diana nasceu numa vida de luxo no qual ela permaneceu imersa até à sua morte. No entanto, a princesa partilhou a paixão da freira por ter trazido amor aos rejeitados do mundo. Ela sabia que não precisava renunciar à sua riqueza ou realeza para fazer a diferença. Como a Madre Teresa falou: “Faça pequenas coisas com grande amor”. E, juntas, em suas respectivas maneiras, foi o que fizeram.

 

Partilhar coragem e fortaleza diante do grande sofrimento

 

As duas não estavam intimidadas com a gravidade das doenças que muitos dos pobres e moribundos estavam a sofrer. Madre Teresa era conhecida por trabalhar regularmente e abraçar indivíduos doentes. Como USA Today postou: “Ela nunca hesitou em beijar as mãos dos leprosos da Índia ou das pessoas feridas encontradas deitadas nas ruas”.

 

Diana também encontrou a sua própria maneira, particularmente perante aqueles que sofrem de HIV/SIDA. Durante uma visita ao Harlem Hospital, a princesa parou para abraçar um paciente de SIDA de sete anos por vários minutos. Foi durante um período em que grande parte do público, em geral, tinha a impressão de que o vírus poderia se espalhar por contato casual.

 

Além disso, uma ex-colega de trabalho das Missionárias da Caridade, Amanda Evinger, revelou que Diana forneceu uma bela casa em Washington, D.C., que as irmãs da Madre Teresa usam como abrigo para mulheres grávidas não casadas até aos dias de hoje.

 

Eram duas das mulheres mais famosas da história, vivendo em mundos separados financeira e socialmente, mas ligadas pelo desejo mútuo de levar o amor, a um mundo faminto de caridade.

 

No livro A Simple Path (Um Caminho Simples), Madre Teresa declarou: “A maior doença no Ocidente hoje… é não ser desejado, não ser amado, e estar abandonado. Nós podemos curar doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, o desespero e a falta de esperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão a morrer por falta de um pedaço de pão, mas existem muitas mais a morrer por falta de um pouco de amor”.

 

As palavras de Diana para Martin Bashir, da BBC, em 1995 foram semelhantes: “Eu acho que a maior doença que este mundo sofre hoje é a doença das pessoas que se sentem não amadas, e sei que posso dar amor… Estou muito feliz em fazer isso e eu quero fazer isso”.

 

Aleteia]

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