Nigéria: A resposta das irmãs dominicanas à violência terrorista

Notícias 25 julho 2019  •  Tempo de Leitura: 5

O norte da Nigéria vive quase em guerra com os cristãos a serem atacados com uma frequência assustadora por extremistas islâmicos. A violência terrorista tem deixado marcas devastadoras. Há aldeias que quase foram riscadas do mapa. No entanto, apesar das ameaças, as irmãs dominicanas encaram o futuro sem medo. Elas não têm pistolas nem metralhadoras, mas estão armadas com algo muito mais eficaz. Qual é o segredo? A confiança em Deus, o amor e a dedicação gratuita aos outros.

 

São 17 irmãs. O convento das dominicanas em Gusau domina a paisagem. Trata-se de um edifício simples rodeado por um muro de tijolos. Mas é lá dentro que tudo se transforma. As irmãs, na simplicidade de quem vive para servir, são o centro da vida de toda a comunidade. Elas são também exemplo da persistência de uma comunidade religiosa que vive ameaçada por grupos extremistas. Desde 2009, o grupo terrorista Boko Haram tem sobressaltado o norte e nordeste da Nigéria com ataques cada vez mais frequentes e letais contra aldeias e vilas, contra populações indefesas. À semelhança do auto-proclamado Estado Islâmico na Síria e Iraque, o Boko Haram procura impor um ‘califado’ nesta região da Nigéria. Os ataques sucedem-se a um ritmo assustador. Escolas, igrejas, paróquias, esquadras, mercados… nada nem ninguém parece escapar à violência cega destes terroristas. A irmã Jacinta Nwaohiri sabe, por experiência própria, como é viver debaixo desta ameaça permanente. “A vida é muito difícil. No norte do país, os cristãos são perseguidos e assassinados pelos terroristas do Boko Haram que querem impor a lei islâmica em toda a Nigéria.” Numa recente visita à sede internacional da Fundação AIS, em Königstein, na Alemanha, a irmã Jacinta recordou o dia em que ela própria presenciou um desses ataques. Foi de manhã. Os terroristas invadiram a aldeia aos tiros, queimando praticamente todas as casas. Foi brutal. “Os ataques estão a crescer de intensidade e trazem consigo um sofrimento imensurável.” Perante esta realidade, as irmãs procuram ser sinal de esperança para as populações locais. Elas não têm pistolas nem metralhadoras, mas estão armadas com algo muito mais eficaz: o amor, a dedicação gratuita aos outros. Que fazem? Procuram ensinar. É preciso combater o medo da mesma forma que é importante ajudar a comunidade local a combater a fome, um flagelo na região agravado pelos constantes ataques contra os agricultores cristãos.

 

Aldeias sob ataque

 

Os terroristas do Boko Haram decretaram que “a educação ocidental é pecado” e por isso transformaram as escolas em alvo e têm raptado centenas de estudantes, especialmente jovens raparigas. “É importante ensinar as pessoas para se ajudarem umas às outras”, diz a irmã. É isso que as irmãs fazem: ensinam, dão confiança, explicam que contra a violência há sempre o amor. “A educação é a única saída”, diz a irmã Jacinta. Que futuro haverá para os cristãos no norte da Nigéria? Sobreviver a esta onda de violência não é fácil. Mas, apesar das ameaças, a irmã Jacinta encara o futuro sem medo. Qual é o segredo? “Apesar dos problemas, apesar do sofrimento, os nigerianos estão cheios de vida e de esperança”, diz a irmã Jacinta Nwaohiri. Ela sabe do que fala. É que, apesar da violência e do medo, as igrejas estão sempre cheias de fiéis, como se, rezando, os nigerianos desafiassem a força das armas. “A fé profunda e a confiança em Deus dão-nos a força e a vontade para sobrevivermos no dia-a-dia”, diz. Esse é o segredo que enche de esperança as populações cristãs do norte da Nigéria. A fé e a confiança em Deus. Um segredo que vale mais do que todas as balas dos terroristas.

Fundação de direito pontifício, a AIS ajuda os cristãos perseguidos e necessitados.

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