AIS: Sinal de esperança
A reinauguração da Igreja dos Santos Benjamim e Sara, no dia da Solenidade da Assunção, 15 de Agosto, deixou feliz a comunidade cristã em Qaraqosh, apesar dos tempos difíceis que se continuam a viver no Iraque.
A igreja tinha sido destruída pelos jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico durante o vendaval de violência que assolou a região após o mês de Agosto de 2014 e que levou à expulsão dos cristãos que viviam na região. Por isso, a reinauguração do templo, que foi agora totalmente reconstruído, é um símbolo claro da vontade das famílias cristãs de regressarem às suas terras, às suas zonas de origem. Para o Padre George Jahola, pode falar-se na “ressurreição da própria comunidade” cristã local. “Em 2014, tivemos que abandonar as nossas igrejas e as nossas casas. A cidade contava com cerca de 50 mil habitantes cristãos”, lembrou o Padre Jahola. Agora, a população cristã na cidade foi reduzida a metade. Apenas cerca de 26 mil cristãos retornaram a Qaraqosh, explica o sacerdote.
Página negra
A reinauguração do templo, no passado dia 15 de Agosto, foi também um sinal de que uma das páginas mais negras da história do cristianismo no Iraque terá sido ultrapassada. Durante os anos de ocupação pelos terroristas, as igrejas foram profanadas e em certos casos usadas até como depósito de armamento, fábrica de bombas ou de produtos químicos. No entanto, embora o “califado” do auto-proclamado Estado Islâmico tenha desaparecido, as ameaças aos cristãos e a outras minorias religiosas na região, como é o caso dos yazidis, permanece bem viva. Segundo a Comissão Internacional de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos, calcula-se que cerca de 15 mil combatentes jihadistas permanecem no Iraque.
Perigo de extinção
No início de Agosto, assinalaram-se cinco anos desde que o auto-proclamado Estado Islâmico ocupou e atacou as comunidades cristãs na Planície do Nínive, no Iraque. Como é que a comunidade cristã está a enfrentar o futuro? D. Bashar Warda, arcebispo católico caldeu de Erbil, faz um retrato pessimista da realidade. “O Cristianismo no Iraque, uma das Igrejas mais antigas, está perigosamente próximo da extinção”, afirma o prelado à Fundação AIS. “Antes de 2003, chegávamos ao milhão e meio de pessoas, cerca de 6 % da população do Iraque. Hoje talvez já nem cheguemos aos 250 mil. Talvez menos. Os que permanecem têm de estar prontos a enfrentar o martírio.” Perante este cenário dramático, importa que o mundo acorde para a realidade. E as palavras de D. Bashar Warda são certeiras e dirigem-se à consciência da comunidade internacional: “Poderá um povo inocente e pacífico ser perseguido e eliminado por causa da sua religião? E o mundo será cúmplice da nossa eliminação por não querer dizer a verdade aos nossos perseguidores?” Perante tantas dúvidas, fica o sinal de esperança vivido pelos cristãos de Qaraqosh que já podem rezar de novo na Igreja dos Santos Benjamim e Sara…