Sorrisos de Deus

Notícias 20 abril 2017  •  Tempo de Leitura: 5

África é um continente ferido, onde milhões de pessoas sofrem por causa da violência, do terrorismo, da pobreza extrema, das doenças. África é também o continente onde a Igreja regista o maior número de vocações. Parece contraditório? A Irmã Felicita dá a resposta. Assim como a Irmã Goretti, a Irmã Mary, a Irmã Colum…

África é um continente ferido, onde milhões de pessoas estão em lágrimas, precisam de ajuda. No preciso instante, há milhares de pessoas, de homens, mulheres e crianças que não têm nada para comer, que estão amedrontados, que foram forçados a fugir de suas casas, a abandonar tudo o que tinham para salvarem as próprias vidas. No entanto, a pobreza mais extrema não impede manifestações da mais genuína solidariedade, com cada vez mais pessoas a entregarem as suas vidas a Deus, oferecendo-se ao serviço dos mais necessitados da comunidade com uma alegria contagiante. É o caso da Irmã Felicita. Em Juba, no Sudão do Sul, quase todos conhecem a Irmã Felicita Humwara. Ela pertence à congregação do Sagrado Coração de Jesus. A vida por ali não é fácil. Por causa da guerra, os preços aumentaram e todos ficaram ainda mais pobres. “Há pessoas que vivem praticamente com uma refeição por dia. A vida em Juba é dura e difícil.” Apesar dos poucos recursos disponíveis, estas irmãs desenvolvem um trabalho extraordinário junto das populações mais carenciadas. Por ali acontecem todos os dias verdadeiros milagres de entreajuda. “A clínica é um espaço simples que a nossa congregação criou para podermos ajudar os pobres das redondezas”, explica a Irmã Felicita, embrulhando as palavras num largo sorriso. Um sorriso que cresce ainda mais quando recorda o dia em que decidiu que queria seguir a vida religiosa. “Quando conheci as irmãs ainda estava no terceiro ano. Foi em Torit, em 1984, quando inauguraram a catedral e muitas irmãs vieram nessa altura. Vi os seus hábitos brancos, que eram tão bonitos, tão bonitos… Então, aproximei-me de uma delas e disse: “Gostava de ser irmã. Também posso ser irmã?”

Violência e miséria

A Irmã Maria Goretti junta todos os dias os seus pequenos alunos para mais uma aula. Ela sabe que o seu trabalho é essencial mas muitas vezes parece quase inglório. Também ela está no Sudão do Sul, numa zona mergulhada na mais profunda instabilidade. “Quase todas as noites há armas que disparam por aqui...” Todos têm medo. As irmãs, os pais, as crianças. “Esta luta pelo poder está a destruir o futuro. As crianças têm medo do que irá acontecer”, explica. Tal como ela, também a Irmã Mary Colum está apostada na educação como instrumento no combate à violência e à miséria. Mary Colum Tarawali está na Serra Leoa. “Quando as irmãs chegaram a esta zona, em 1960, as meninas não podiam ir à escola. Então as irmãs tentaram mudar isso. Não foi fácil.” E que fizeram? Andaram de casa em casa e falaram com os pais, explicando que era muito importante que as suas filhas fossem à escola, que iriam ver os benefícios e que região se iria desenvolver. Hoje, mais de 3 mil raparigas frequentam as aulas. Aprendem a ler e a escrever. Aprendem jardinagem, costura, cosmética, administração de empresas e informática. E a cozinhar. E hoje, muitas dessas meninas fazem também a mesma pergunta que Felicita Humwara: “Também posso ser irmã?” Felicita, Goretti e Colum são exemplo de irmãs apoiadas directamente pela Fundação AIS. Elas simbolizam, na sua generosidade, o melhor que a Igreja pode oferecer. Num continente onde milhões de pessoas estão em lágrimas, elas levam, todos os dias, o sorriso de Deus aos mais necessitados. E fazem-no também graças a si, graças aos benfeitores da Fundação AIS.

Fundação de direito pontifício, a AIS ajuda os cristãos perseguidos e necessitados.

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