DOMINGO VI DO TEMPO COMUM: «Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe…»

Liturgia 10 fevereiro 2018  •  Tempo de Leitura: 4

Uma nódoa na peça de roupa limpa que queremos vestir às 7h da manhã para iniciarmos o nosso dia, no mínimo, é uma dor de cabeça, uma irritação momentânea e um atraso de 5 minutos!


Temos de esquematizar todo o guarda-roupa e ainda colocar o tira-nódoas na mancha em questão!!!
Para uns a nódoa significa que quando passaram a ferro estavam distraídos;
para outros significa que a máquina de lavar roupa precisa de manutenção;
temos ainda aqueles que culpam o detergente utilizado;
e, é certo que alguém “fará uma crise”, porque a peça de roupa está arruinada e não a vestirá jamais…

 

Somos todos diferentes!
Surge uma oportunidade para verificarmos a nossa capacidade de encontrar algo positivo,
num momento tão rotineiro da nossa vida, e nós não estamos preparados para simplesmente: sorrir!

 

Hoje, no 6º domingo do Tempo Comum, do ano B, a Liturgia vem ao nosso encontro com uma nódoa…
Mais concretamente com uma impureza… algo visível aos olhos dos homens, como a lepra…
No Antigo Testamento há indicações precisas sobre aquele que contraía tal doença,
mas o mais chocante é a forma como tratavam o ser humano: “Impuro, impuro!”
Jesus sabia de tudo isto…então, aproximou-se ainda mais! Todos que iam ao seu encontro eram salvos:
«Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação.»

 

Há tantas lepras espalhadas pela terra…
Quantas vezes, eu fui um leproso?
Quantas vezes, eu me afastei de um leproso? Milhentas…
A Lepra do abandono da nossa condição de Cristãos é a mais comum a cada um de nós!
Permitimos que as vestes do nosso Baptismo fiquem impuras e
sempre que fingimos não ver o sofrimento de quem passa por nós,
estamos a ignorar uma nódoa na nossa melhor camisa…

 

Paulo adverte-nos: «Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo…»
Mas, é tão difícil ter coragem de tocar em alguém que contraiu uma doença contagiosa!!!
Aqueles que se afastam do nosso convívio diário, aqueles que vivem fora do que nós consideramos “normal”,
são “os leprosos” que ignoramos salvar, pois não fazem parte do nosso dia-a-dia.
Não fará parte da nossa alegria, partilhá-la com aqueles que, teimosamente se refugiam longe da vontade do Pai?
Não é essa a loucura do Evangelho? Ser irmão de todos e amar a todos sem distinção?

 

Ser Igreja é viver com todos e uns pelos outros. Num Amor que apenas quer dar!
Esta Lepra de achar que podemos viver sem Deus provoca uma tristeza profunda e invisível na humanidade.

Vivemos atarefados com o ram-ram, encontramos uma alegria momentânea,
uma liberdade que não nos dá a opção de escolha e pensamos: “Que bem estamos!”
Olhamos uns para os outros com desdém e cada um de nós leva a sua vidinha sem sabor…

 

Hoje, precisamos de gritar bem alto: «Se quiseres, podes curar-me»! Admitimos assim a nossa doença
para escutarmos a delicadeza e a autoridade com que Jesus diz: «Quero: fica limpo».

 

Não podemos esquecer que esta limpeza a seco não é feita a solo
É algo bem mais grandioso, bem mais sentido, bem mais perfeito!
A coragem de ficar contagiado por esta forma de viver sempre a servir, sempre a cuidar dos outros,
sempre a limpar os outros, sem cair na tentação de ficar com a mancha do querer ser recompensado,
é o único tira-nódoas 100% eficiente que nos desperta a Esperança
de que a Lepra também é um caminho que nos leva até ao alegre convívio de Deus…

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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