Viral é a palavra repetida quando, nas redes sociais, um tema, uma notícia ou simples imagem tem um sucesso inquestionável. Torna-se viral porque se assemelha a um poderoso vírus que se impõe, invade os nossos espaços, e é capaz de contaminar até os mais resistentes.

Não é difícil imaginar como o nome de Jesus se tornou um assunto viral naquele tempo. Desde o dia em que entrou na Sinagoga de Nazaré e proclamou o texto de Isaías - «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres» - que o Seu nome, as suas palavras e ações, se tornaram matéria de indiscutível interesse e de inevitável debate de geração em geração. Aqui e ali, quase ninguém ficou insensível ao modo como Ele se relacionou com Deus, chamando-o de Pai. Falou-lhes da gratuitidade dessa relação, da força desse amor, e instruiu os seus amigos para que espelhassem esta indivisível união, não obstante as diferenças existentes entre cada um. Na sua mensagem, o nazareno lembrou que só seríamos livres na verdade porque a pior prisão é a mentira que aparentemente nos promove e beneficia.

Depois da sua morte às portas de Jerusalém, o assunto parecia definitivamente encerrado. Contudo, o que é eterno não está sujeito às limitadas leis da temporalidade. Como um divino vírus o ressuscitado ressurge numa manhã de Páscoa e transmite o Espírito Santo, a força revitalizadora, aos discípulos mais próximos. O extraordinário da história iniciada na sinagoga de Nazaré, prossegue na espetacular descrição de Lucas, na vida de homens concretos que, cheios do Espírito Santo, nas mais diversas línguas, para espanto de todos, proclamam as maravilhas de Deus. De novo o nazareno torna-se um assunto viral.

Num tempo em que se multiplicam estratégias defensivas motivadas pelo medo e em que para, aliviar o sentimento de insegurança, se erguem novos muros e outras fronteiras, a comunidade dos crentes, animada pelo Espírito Santo, é chamada a ecoar a voz do ressuscitado. Invoquemos o Espírito Santo diariamente para que nos dê a consistência, a coragem e a sabedoria dos apóstolos. Peçamos ao «treinador dos mártires» (Tertuliano) que nos fortaleça para que possamos contaminar o mundo com o divino vírus, o mesmo que outrora, na Sinagoga de Nazaré, deu origem a uma nova história.

[©Pe. Nélio Pita]