De onde vem a Concha do Caminho de Santiago?

Liturgia 27 abril 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Como Jerusalém e Roma, Santiago de Compostela é um dos lugares de peregrinação mais importantes da cristandade. A cada ano milhares de peregrinos -mais de 200 mil- percorrem as diferentes rotas jacobinas na Espanha, também na França, chegam até a Catedral compostelana onde se encontra o túmulo do Apóstolo Santiago.

Um dos símbolos mais difundidos desta antiga romaria é a Concha -Vieira- do peregrino, cuja origem está ligada a uma pretérita lenda vinculada ao próprio começo do caminho jacobino.

Conta-se que quando o corpo do Apóstolo Santiago foi transladado de Jerusalém a Galícia em barco pelos discípulos que o haviam acompanhado em sua tarefa evangelizadora na Espanha, sucedeu um fato milagroso, mas também carregado de humor.

Quando o barco que portava o cadáver do fiel seguidor de Jesus chegou à altura das ilhas Cíes, na boca do Rio Vigo e diante das costas de Bouzas na Galícia, os discípulos de Santiago notaram que às margens do mar estava se celebrando uma boda onde tinha lugar um particular jogo; este consistia em montar a cavalo enquanto o ginete jogava ao ar uma lança que tinha que recolher antes que chegasse ao solo.

Chegou a vez do noivo, que jogou a lança ao ar e saiu cavalgando como pode para alcançá-la. Com surpresa viu esta se desviar para o mar. O jovem correu para alcançá-la entrando com seu cavalo no mar. Diante do assombro de todos, o noivo, cavalo e a lança afundaram na água; mas de repente reapareceram ao lado de uma embarcação que se aproximava à margem: era o barco que portava o corpo mortal do Apóstolo Santiago.

O toque de humor da história sucede quando o noivo e seu cavalo se reincorporam. Ao ir saudar os navegantes, o jovem notou que estava totalmente coberto, dos pés à cabeça, com conchas de vieira. Os discípulos do Apóstolo interpretaram tal sucesso como um milagre, e convidaram ao noivo para subir na embarcação. Enquanto chegavam às margens conversaram sobre o ocorrido, sucedendo o verdadeiro milagre: o jovem havia decidido converter-se ao cristianismo.

Ao regressar à terra, o jovem contou o ocorrido aos convidados, que viram os acontecimentos a partir da margem. Muitos deles também decidiram converter-se ao cristianismo. A embarcação seguiu seu caminho ao norte até o rio de Aurosa, onde desembarcaram para transladar o corpo do Apóstolo até Padrón, onde foi sepultado.

Com o passar dos anos, e para perpetuar este fato, se impôs o costume de que cada peregrino que participasse da peregrinação até o túmulo do Apóstolo Santiago, levaria consigo a concha de vieira, criando-se assim um símbolo que permaneceu com a passagem dos séculos e hoje identifica o Caminho de Santiago. 

Inclusive o "Códice Calixtino" -manuscrito atribuído ao Papa Calixto II-, fala do grande significado da vieira e o fato dos caminhantes a utilizaram em suas capas para render tributo ao Apóstolo. Hoje o símbolo continua, colocando-se na mochila do peregrino.

Além deste simbolismo, a concha tem um uso prático, já que é utilizada como um copo natural, pelo qual se supõem o frequente uso por parte dos peregrinos para matar a sede nos mananciais e rio. (EPC)

 

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