Livro da semana: «Deus, dinheiro e consciência»

Livros 10 janeiro 2018  •  Tempo de Leitura: 6

“Há alguma possibilidade de incutir valores na economia? Que capacidade de gestão pode ter um monge? E quanta amabilidade pode permitir-se a um gestor? Que importância damos ao dinheiro e ao lucro?”

 

Estas perguntas foram colocadas em 2008, numa conferência em Nuremberga em que estiveram sentados frente a frente Anselm Grün (monge) e Jochen Zeitz (gestor). Este encontro constituiu apenas o ponto de partida para os autores desta obra darem início a uma reflexão mais aprofundada sobre esta temática que viria a ser vertida em livro, pela primeira vez, na Alemanha, em 2010.

 

Esta reflexão permitiu a Anselm Grün e Jochen Zeitz trocarem experiências e perspectivas diferentes, enquanto líderes das instituições que estão a gerir. Reconheceram que os gestores têm a responsabilidade de pensar os requisitos de negócio para além do imediato, mas também, como essas decisões podem afectar as pessoas e o ambiente, a longo prazo. No primeiro capítulo expõem o que têm feito para melhorar e proteger o ambiente através de métodos sustentáveis. É assim que o mundo empresarial e o mundo espiritual podem contribuir para melhorar a sociedade.

 

Nesta obra são abordados vários temas tais como: a sustentabilidade, o ser humano e o meio ambiente, a economia, o bem-estar, a cultura, os valores, a ação ética, a educação e a formação, o êxito, pontos fortes e pontos fracos, a responsabilidade, e a consciência.

 

Exemplos de como os autores tratam os temas:

 

Jochen Zeitz – Capitulo VII: Acção Ética

“Na Puma, já há muito que entraram em vigor uma série de diretrizes éticas, à semelhança de muitas outras empresas. No entanto, é habitual que, no caso de códigos e de outros documentos semelhantes, os interessados os leiam uma vez e, depois, fiquem esquecidos numa gaveta. Até a controversa empresa Enron possuía um código de ética. O problema, neste caso, foi que os executivos e os funcionários não aplicaram, claramente, as regras desse código. Eu queria fazer da Puma um tipo de empresa anti-Enron: uma empresa que tenta viver as suas regras de ética todos os dias.

 

Pareceu-me importante definir linhas éticas, diretrizes para a nossa empresa, que fossem simultaneamente simples, compreensíveis e determinantes, nos seguintes aspectos: justiça, honestidade, positividade e criatividade. Estes quatro valores-chave, a que chamamos «4 Keys», servem-nos de fundamento. Eles orientam todas as nossas decisões, as nossas ações, procedimentos e práticas financeiras.”

 

Anselm Grün – Capitulo XII: A Consciência

“A palavra consciência significa, no seu verdadeiro sentido, que estou consciente do meu ser. […] Muitas pessoas “sabem o que vestem, como se devem comportar com os outros, como devem trabalhar e como se devem apresentar perante os demais. Mas não sabem quem são. Não sabem de si mesmos e não têm consciência de si próprios. E, assim, também não vivem conscientemente no mundo. Não tomam consciência nem deles próprios, nem dos outros, nem do mundo. Vivem simplesmente assim, como se vegetassem.

 

Existem também muitas pessoas em cargos de liderança, que vão para o trabalho, diariamente, sem saberem realmente quem são. Se não tomarem consciência de si próprios, também não se vão aperceber da singularidade dos seus funcionários, vendo-os apenas como «human capital» (capital humano) ou mais uma roda da engrenagem, e não na sua particularidade enquanto seres humanos. Como não têm uma relação consigo próprios, também não conseguem estabelecer uma relação com os outros ou estabelecer as relações com a empresa. Quem não tem consciência de si próprio, também não entra em contato com as qualidades dos outros.”

 

Informação disponível sobre os autores à data da edição desta obra:

Anselm Grün é um monge beneditino, responsável, há mais de 30 anos, pela administração financeira da Abadia de Münsterschwarzach, na Alemanha. Esta Abadia conta com mais de 300 funcionários distribuídos por diferentes empresas artesanais. Estudou Teologia e Gestão, e é autor de inúmeros livros de espiritualidade.

 

Jochen Zeitz é um gestor alemão, director do Conselho de Administração da Puma (empresa de artigos sportlifestyle). Aos 30 anos, tornou-se num dos mais jovens directores a presidir ao Conselho de Administração de uma empresa cotada em bolsa. Desenvolve há muitos anos um trabalho de ajuda em África.

 

Índice:

Prefácio – Marcelo Rebelo de Sousa| Preâmbulo – Anselm Grün e Jochen Zeitz | I. A sustentabilidade (J. Zeitz) | II. O Ser Humano e o Meio Ambiente (A. Grün) | III. A Economia (J. Zeitz) | IV. O Bem-estar (A. Grün) | V. A Cultura (J. Zeitz) | VI. Os Valores (A. Grün) | VII. A Acção Ética (J. Zeitz) | VIII. A Educação e a Formação (A. Grün) | IX. O Êxito (J. Zeitz) | X. Pontos Fortes e Pontos Fracos (A. Grün) | XI. A Responsabilidade (J. Zeitz) | XII. A Consciência (A. Grün).

 

Público-alvo: Jovem/Adulto

Ficha técnica:

Título – Deus, dinheiro e consciência – Diálogo entre um monge e um gestor | Autor - Anselm Grün e Jochen Zeitz | Editor – Paulinas Editora, 1ª ed. Novembro de 2012, págs.: 248 | ISBN: 978-989-673-265-3.

Agostinho Faria

Redator Livros

Licenciado em Comunicação Social e Cultural. Pós-graduado em Ciências da Informação e da Documentação. A viajar no surpreendente mundo novo das Paulinas Multimédia Lisboa.

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