Madrid, Encontro de Taizé: é possível uma civilização da hospitalidade

Jornada Mundial da Juventude 29 dezembro 2018  •  Tempo de Leitura: 7

“Não nos esqueçamos da hospitalidade!” Esse foi o tema escolhido pela Comunidade de Taizé para o 41º Encontro europeu dos jovens, que se realizará em Madrid de 28 de dezembro a 1 de janeiro.

 

A hospitalidade é um tema central no Evangelho


170 paróquias e milhares de famílias abrirão as portas com espírito de acolhimento a fim de que os jovens nestes dias possam fazer uma experiência de oração, silêncio e amizade além-fronteiras. Numerosas igrejas do centro da capital espanhola acolherão as orações comuns do meio-dia, depois o encontro se transferirá toda tarde para os salões da Feira de Madrid.

 

“Todos os anos fazemos uma experiência de hospitalidade por ocasião dos encontros europeus”, disse à agência Sir o prior da Comunidade de Taizé, Irmão Alois. “Os jovens são hóspedes em famílias e cada ano experimentamos uma grande alegria.”

 

“Vivemos numa época em que crescem os temores, as fronteiras se fecham. Queremos recordar que a hospitalidade é um tema central no Evangelho. Deus nos acolhe sempre, incondicionalmente.”

 

“Cristo bate à porta, se nos apresenta como um pobre, não se impõe, mas pede para ser acolhido. Deposita confiança em nós e quer que essa mesma confiança possa habitar também em nossas vidas e traduzir-se em confiança nos outros.”

 

“Nenhuma sociedade pode viver sem confiança e nossa peregrinação de confiança na terra quer simplesmente ser um sinal de esperança. A esperança de que uma civilização da hospitalidade é possível”, disse ainda.

 

Em oração pelas vítimas de Estrasburgo


Pensando no clima de medo que se respira na Europa, em particular após o recente atentado em Estrasburgo, na França, em que um jovem provocou vítimas e feridos graves no intento de “fazer justiça às vítimas na Síria”, o Irmão Alois diz tratar-se de “uma tragédia”: “durante o encontro, rezaremos pelas vítimas”, afirmou ele.

 

“É verdade – acrescentou o prior da Comunidade de Taizé: é inquietante que muitos jovens se deixem seduzir por um chamado à violência e é verdade que muitos deles têm a impressão de que suas vidas não vale nada, de que a existência não tem sentido. E quando veem as injustiças, alguns se deixam convencer e agir em nome de uma reação irracional.”

 

“Durante o Encontro de Madrid, direi aos jovens: abramos os olhos, não aceitemos as injustiças, mas lutemos com um coração reconciliado para sanar as feridas da injustiça. Diante da violência não acrescentemos o ódio.”

 

Ao invés, continuou o Irmão Alois, quando superamos o medo “há muitas vezes a descoberta surpreendente de uma proximidade entre pessoas que não se conheciam absolutamente.”

 

“Aqui, muitas famílias abrirão as portas de suas casas. Talvez não falem a língua dos jovens que acolherão, mas farão certamente a experiência profunda de cada um poder ser um dom para o outro e de poder receber do outro algo de belo e inesperado. É a descoberta de que todos precisam do outro e essa é a experiência fundamental que se faz quando superamos o medo. Claro, a confiança não é ingênua, não se fundamenta num sonho”, observou.

 

Os jovens buscam oração e amizade

“A confiança se vive junto com o discernimento entre o bem e o mal, mas a confiança sabe correr o risco de acolher o outro, mesmo se é diferente de mim.” Serão milhares de jovens que também este ano escolheram transcorrer de modo muito alternativo o final de ano: buscam “a oração e a amizade”. “Aqui os jovens descobrem a beleza da oração em comum e também da vida interior.”

 

“Quinze mil jovens se reunirão no imenso salão da feira de Madri. Haverá longos momentos de silêncio juntos. E isso leva cada um a uma busca de intimidade com Cristo, de escuta da Palavra de Deus, de canto e louvor juntos. São momentos que antecipam a reconciliação que Cristo nos oferece. Reconciliação entre cristãos, entre povos. E isso leva à amizade. Uma amizade que supera as fronteiras”, ressaltou.

 

Com o Sínodo à escuta dos jovens


O prior da Comunidade de Taizé dedicou um pensamento ao Sínodo dos Bispos sobre os jovens, realizado em outubro passado no Vaticano, do qual participou:

 

“Para mim foi uma forte experiência. Há um profundo desejo em mim e em Taizé; após o Sínodo, esse desejo tornou-se ainda mais ardente: queremos que os jovens possam sempre mais descobrir a Igreja como um lugar de amizade, de certo modo como uma segunda família. Mas para que isso ocorra é necessário que os jovens possam encontrar pessoas que os escutem. Sacerdotes, religiosos, mas também leigos, homens e mulheres, pessoas que vivam a fé e sabem ouvir os jovens, acolhê-los, encorajá-los, não julgá-los. Creio que no Sínodo mostramos um caminho de renovação que é preciso agora colocar em prática.”

 

Parte uma mensagem de Madrid – concluiu o Irmão Alois: “a Igreja pode ser um lugar de universalidade. Como cristãos, temos a possibilidade, diria a responsabilidade, de buscar uma mundialização com feições humanas. O encontro de Madri do qual tantos jovens participam, mostra que eles querem e buscam esta mundialização. E tudo isso deve caminhar junto ao reconhecimento da particularidade que pertence a cada povo e também às diferentes Igrejas. O encontro de Madri quer dizer à Europa que é possível reconhecer-se nas particularidades e fazer juntos, ao mesmo tempo, uma experiência de universalidade”.

tags: Taizé

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