O que espera o Papa Francisco da JMJ 2023 em Portugal?

Jornada Mundial da Juventude 6 julho 2023  •  Tempo de Leitura: 7

1. Reformar a Igreja, trazer Deus aos homens. Em 2019 o Santo Padre confessou: "Aconteceu comigo o que acontece com as crianças mimadas: não gostas de sopa? Dois pratos! Não gostas de viajar? Vais viajar muito... De facto, durante as viagens conhecemos muitas pessoas e aprendemos muito”. Depois da sua primeira viagem a uma ilha no sul de Itália (Lampedusa) mudou de ideias: "Depois de Lampedusa, compreendi que tinha de viajar". Desde então, fez 41 viagens.O Papa recebeu recentemente duas centenas de artistas na Capela Sistina. Entre eles, o cantor Pedro Abrunhosa que testemunhava a força renovadora do Papa: “Agnóstico me confesso, mas acredito convictamente neste Papa, no seu papel reformista que, estou certo, deixará marca indelével e fará da instituição católica uma nova igreja abrangente e inclusiva. Porque Francisco traz Deus aos homens”.

 

2. Mais do que uma tempestade de verão. Francisco quer que cada jovem tenha um encontro transformador com Deus. Para termos uma ideia, durante a JMJ 2013 no Rio de Janeiro, 45% dos participantes referiram que aquele fora o evento mais impactante das suas vidas. As experiências das edições anteriores (Panamá, Cracóvia, Rio de Janeiro e Madrid) mostram que a JMJ ajudam a redescobrir que Deus está mesmo vivo: maior participação na missa e na confissão; mais decisões para corresponder à própria vocação. E entre os milhares de voluntários, muitos continuam a colaborar em atividades sociais.

 

3. Um telefone para nos centrar no essencial. Na JMJ do Panamá, o Papa recordou que "todos temos o telefone de Jesus e todos podemos ligar-nos a Jesus. Ele está lá, tem sempre espaço, sempre, sempre! Ele ouve-nos sempre porque está assim, perto de nós". A logística de um evento, com mais de um milhão de participantes, pode distrair do essencial, dos momentos de adoração, da participação atenta na missa e da possibilidade de voltar a ter rede com uma boa confissão. Por isso o programa do Papa tem o seu ponto alto na Eucaristia, onde cada um se liga a Jesus. 

 

4. Lisboa, meeting point. Na mensagem para a JMJ 2023, Francisco recordou que "os últimos tempos têm sido difíceis, quando a humanidade, já provada pelo trauma da pandemia, é dilacerada pelo drama da guerra". Francisco reconhece que vivemos numa “terceira guerra mundial aos bocados”. E por isso convoca os jovens a abandonarem a solidão, o individualismo, o seu sofá para encontrarem e darem a alegria de estar uns com os outros.
O escritor português José Luís Peixoto, que participou no mesmo encontro do Papa com artistas, sentiu-se interpelado “a uma reflexão profunda sobre mundos que depois são habitados por pessoas que nem chegamos a conhecer, mas que partilham esta experiência que é a vida”. E isto é mais dramático em Portugal onde 1 em cada 10 portugueses vive sozinho. 

 

5. Pontes em vez de muros. É necessária uma aliança geracional entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para ultrapassar os extremismos deste tempo. Francisco convida-nos a derrubar muros existentes entre pessoas de outras gerações, ou que pensam de forma diferente. Anima-nos a saber conviver delicadamente com os diferentes carismas que enriquecem a Igreja. Um facto simbólico: a cerimónia de encerramento da JMJ terá lugar no Parque Tejo, próximo da ponte mais longa da União Europeia, a Ponte Vasco da Gama, com 17,3 km de comprimento.

 

6. Um jovem de 86 anos com nativos digitais. A fé e a vocação abrem-nos aos outros, também às suas necessidades mais humanas e materiais. Dão-nos um dinamismo para sairmos e nos lançarmos na construção de um mundo mais acolhedor, com especial atenção aos mais vulneráveis. "Não bastava que Jesus nos olhasse de longe, ele queria estar connosco, queria partilhar a sua vida connosco", diz o Papa. “O que nos impede de servir? Estar sempre a olhar para o espelho, a contemplar a nossa própria imagem”, recorda Francisco. D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, recordou que esta será a primeira JMJ da geração dos nativos digitais. E o Papa sabe disso e, com 86 anos, pensa em como os pode acolher para que se sintam em casa na Igreja.

 

7.  A vida a meio gás é um desperdício. Francisco sabe que é difícil comprometer-se por um ideal grande. Facilmente vivemos no "nim", que é “meio sim”, "meio não", um “compromisso meio descomprometido”. O Papa quer recordar o exemplo de Maria, uma jovem com uma vida autêntica. Quando Ela diz sim, tem pressa de que as coisas aconteçam. Os jovens não querem um mundo melhor daqui a 100 anos. Querem já, agora, em tantos campos. O Papa recorda-o, por exemplo, na Laudato si’: “sentimos que o relógio das mudanças climáticas não pára, e terá grande impacto na nossa ‘casa comum’ que é a Terra”. E isto é assim sempre: quando temos um grande desafio no nosso coração, quando sabemos de uma notícia extraordinária, não nos conseguimos conter, rebentamos se não contarmos, se não dançarmos, se não gritarmos. Este é o efeito que o Papa espera: que cada um saiba que Cristo O ama e que vale a pena viver ser um cristão coerente a 100%. 

 

8. Lisboa, capital mundial do entusiasmo. Francisco apela os jovens a não ficarem na bancada a olhar para a história como espetadores. E a JMJ 2023 vai ser parte da história do nosso país. O programa do Papa já é conhecido. As inscrições e as sugestões de ajuda podem ver-se em www.lisboa2023.org. “Agradeço-vos o trabalho. Agradeço-vos, sobretudo, o entusiasmo; nunca percam o entusiasmo da vida, porque o entusiasmo é o que faz andar para a frente”. O Papa tem grandes expectativas. Lisboa vai ser a explosão de esperança que o mundo de hoje tanto precisa.

 

[Jorge Oliveira]

O portal iMissio é um projeto de evangelização iniciado em 2012, que tem tido como objetivo dar voz a uma comunidade convicta de que a internet pode ser um ambiente de evangelização que desafie o modo de pensar a fé. Tem pretendido ser espaço de relação entre a fé, a vida da Igreja e as transformações vividas atualmente pelo Homem.

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