Diário da JMJ 7 – Para ver e ouvir bem o Papa é melhor ficar em casa

Jornada Mundial da Juventude 6 agosto 2023  •  Tempo de Leitura: 3

A Joana é voluntária e apesar de o seu posto ser muito perto do palco queria ir viver a vigília da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para lá do Trancão com o grupo da sua paróquia, com gente com quem partilho a vigília da JMJ de Roma 2000. Até trouxe a candeia que foi dada então aos jovens com uma vela para acenderem naquela noite do Jubileu. Também trouxe a vela da Jornada de Colónia, a primeira de Bento XVI.

 

Viveu duas JMJ, a primeira com 15 anos e ficou com memórias e amigos para a vida. Quis ser voluntária agora que a festa é na sua terra. Está feliz, notoriamente feliz. “Estão a ver? Era disto que vos falava”, diz a quem nos últimos anos não conseguiu fazer compreender o que é uma JMJ.

 

O grupo de peregrinos da minha unidade pastoral só chegou ao Parque Tejo quase à beira do início da vigília. Apanharam sol, muito sol, como todos, andaram perdidos, ganharam bolhas nos pés. Alguns grupos chegaram mesmo já com a vigília a decorre. Claro que estavam todos melhor em casa. Até viam e ouviam melhor o Papa e as coreografias da vigília. Mas não era a mesma coisa.

 

Estar neste fim-de-semana final da JMJ de Lisboa exige esforço, algum sofrimento e vontade. Tudo na vida exige esforço e treino, disse o Papa. Há quem desista pelo caminho. Numa jornada fora do país em que não é tão fácil voltar para casa, há quem regresse e se afaste do grupo dos jovens. Há, como me dizia a Joana este sábado, um momento em que cada um é obrigado a decidir que pessoa quer ser. E esse momento pode ser decisivo numa vida.

 

Quantas vidas se podem ter decidido nos minutos de silêncio desta vigília? Quantas decisões mudaram? Fazer silêncio no meio de um milhão de pessoas é possível; colocar uma milhão de pessoas em silêncio diante de um bocado de farinha e água é do domínio do inexplicável. Aquela hóstia é, para quem tem fé, Corpo de Cristo, presença de Deus a adorar. “Na vida só há uma coisa grátis: o amor de Jesus”, disse o Papa aos jovens, a quem pediu não se deixem ficar caídos e ajudem a levantar quem cai.

 

No fim não houve fogo de artificio. Ainda guardo na memória o fogo de outras jornadas. Terá sido substituído pela coreografia de drones quase no início que foram escrevendo palavras no céu. Pode ter sido bonito para quem estava junto ao palco, mas não chegou a todos. E nem sequer se viu melhor em casa.

 

[Eunice Lourenço]

O portal iMissio é um projeto de evangelização iniciado em 2012, que tem tido como objetivo dar voz a uma comunidade convicta de que a internet pode ser um ambiente de evangelização que desafie o modo de pensar a fé. Tem pretendido ser espaço de relação entre a fé, a vida da Igreja e as transformações vividas atualmente pelo Homem.

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