“A economia que mata, exclui, polui, produz a guerra, não é economia”
Quando falamos das armas produzidas e vendidas para as guerras, isso é economia? E os “lucros obtidos às custas dos vulneráveis e indefesos”? Ou a “exploração dos recursos e dos povos”? Nada disso é economia, afirmou o Papa no seu discurso aos jovens (e não só) ligados ao movimento Economia de Francisco (EoF), que se encontram reunidos num encontro a decorrer presencialmente e online, desde esta sexta-feira, 6 de outubro, até domingo.
Segundo o Papa, tudo isso (as armas, a exploração…) “é apenas arrogância, violência, é apenas uma estrutura predatória da qual libertar a humanidade”. Na sua mensagem, Francisco deixou, pois, bem claro: “a economia que mata, que exclui, que polui, que produz a guerra, não é economia: outros chamam-na de economia, mas é apenas um vazio, uma ausência, é uma doença, uma perversão da própria economia e de sua vocação”.
O que é a economia, então? Francisco explicou: é “cuidar da casa comum, e isso não será possível se não tivermos olhos treinados para ver o mundo a partir das periferias: o olhar dos excluídos, dos últimos”.
O Papa convidou os participantes no encontro a refletir sobre dois novos conceitos: a “economia da terra” e a “economia do caminho”. “A economia da terra vem do primeiro significado da palavra economia, o de cuidar da casa”, disse. A propósito da economia do caminho, o Papa convidou “a olhar para a experiência de Jesus e dos primeiros discípulos”. “Uma das formas mais antigas de descrever os cristãos era, precisamente, a expressão “aqueles do caminho”, assinalou.
E lembrou Francisco de Assis, a quem o movimento deve o nome, que “iniciou a sua revolução económica apenas em nome do Evangelho” porque “regressou como um mendigo, um andarilho: começou a caminhar, saindo da casa do seu pai Bernardone”. Que caminho, então, para quem quer renovar a economia desde a raiz?, perguntou o Papa. “O caminho dos peregrinos sempre foi arriscado, entrelaçado de confiança e vulnerabilidade. Quem o empreende deve logo reconhecer a sua dependência dos outros, ao longo do caminho: assim, você entende que a economia também é mendicante das outras disciplinas e saberes”, insistiu.
O desafio está, então, em “não ter medo das tensões e dos conflitos”, mas “procurar humanizá-los, todos os dias”, destacou Francisco. E conclui: “Confio-vos a tarefa de proteger a casa comum e ter a coragem de caminhar”.
[@7margens]