Serve The City

Paulo Victória apresenta-nos hoje o Serve the City.  É um movimento de inspiração Cristã. 

 

“Pois, qual é o maior: o que está à mesa, ou aquele que serve? Não é aquele que está à mesa? Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve!”
Lucas 22, 27
Faço esta citação bíblica para vos escrever sobre a ServetheCity.

 

O Serve the City é um movimento de inspiração Cristã. É o resultado da aliança entre 37 Congregações que representam 29 Tradições religiosas diferentes, que a partir de 1998 servem os mais desfavorecidos em cerca de 80 cidades. " Um movimento de voluntários que servem as cidades de forma prática e inspirando as pessoas a ser doadores neste mundo. Acreditamos que muitas pessoas fazendo pequenas coisas juntas podem fazer uma grande diferença no nosso mundo. "

 

Em Portugal, o ServetheCity Lisboa lançou o projeto através da Fundação Bomfim (é uma fundação de solidariedade social, sem fins lucrativos, reconhecida como Pessoa Coletiva de Utilidade Pública, IPSS e ONGD), e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa que disponibiliza um dos seus refeitório municipais, na 24 de Julho, para a realização destes jantares quinzenais.

 

Os jantares comunitários são um projeto de solidariedade social e de voluntariado onde, de quinze em quinze dias, voluntários se sentam à mesa com pessoas sem-abrigo, carenciadas e socialmente fragilizadas, num “jantar de afetos”, onde todos são tratados de igual para igual.

 

Para a concretização dos jantares, os voluntários dividem-se em várias equipas: A equipa da cozinha, a quem cabe a preparação e confeção do jantar; A equipa de acolhimento e segurança, que recebe os convidados, distribui senhas por ordem de chegada e que ajuda na resolução de eventuais problemas; A equipa de voluntários que janta, a quem cabe sentar-se à mesa a partilhar histórias e vivencias com os convidados; E a equipa de voluntários que serve, que, sendo a única que é diferente em todos os jantares, é a quem cabe não só servir o jantar como também a angariação de fundos que sustentem os custos do mesmo.

 

Mas os projetos da ServetheCity Lisboa, não ficam por aqui. Com alguns dos seus parceiros: Comunidade Vida e Paz; CASA (apoio aos sem-abrigo); Exército de Salvação; Associação Conversa Amiga; Aldeias de Crianças SOS; Casa Sol; Casa Damião; GAS Tagus; Câmara Municipal de Lisboa; Bombeiros Voluntários de Lisboa e empresas, igrejas, grupos de jovens, associações, etc., Serve the City é voluntariado-serviço às/com pessoas na Cidade, sobretudo quando estão socialmente mais fragilizadas - crianças e jovens com HIV-SIDA ou outros problemas de saúde, idosos isolados, homens e mulheres sem-teto ou sem abrigo, jovens marginalizados, toxicodependentes, imigrantes desenquadrados, famílias com baixos rendimentos, etc.

 

Como conheci este projeto?
 
Foi através da Joana Marques. Uma jovem com 25 anos, que enche o meu coração de esperança, quando olho para o futuro. A Joana é voluntária na ServetheCity Lisboa. Desde sempre sensível ao outro, começou por outras experiências de voluntariado.
 
“A minha primeira experiência de voluntariado com pessoas em condição de sem abrigo foi há mais de 5 anos, através da Festa de Natal das Pessoas Sem Abrigo da Comunidade Vida e Paz, que se realiza anualmente, durante três dias, no refeitório da Cidade Universitária. O primeiro impacto não foi fácil. O choque e o receio apoderaram-se de mim e, nos primeiros momentos, pouco conseguia ver nos olhos dos convidados que iam chegando para além de frustração, decepção, mágoa e até vergonha, característicos de uma pessoa marginalizada. Sei agora que talvez tenha visto apenas o que estava à espera de ver… Foi então que, passado umas horas, olhei à volta e vi pessoas a rir, a dançar, a cantar, a conversar animadamente, a agradecerem tudo o que ali tinha sido feito por elas, e aí percebi que quem tinha que agradecer era eu. Eu, é que tinha que agradecer por poder estar a fazer parte daquele momento, eu é que tinha que agradecer por cada história que me contavam, por cada abraço que me davam. Foi esse o momento em que decidi que não seria aquela a única vez que iria estar com aquelas pessoas tão especiais, cada uma à sua maneira.”
 
E “desmultiplicou-se” em diversos compromissos: “Continuei a participar nas Festas de Natal das Pessoas Sem Abrigo desde aí, há quase dois anos inscrevi-me como voluntária nos jantares Comunitários do Serve the City, e, mais recentemente, faço parte de uma das Equipas de Rua da Comunidade Vida e Paz.”
 
Como escrevi na primeira crónica: “Ser Voluntário é acreditar que é possível mudar o que está errado.” Pois sejamos capazes de dar o primeiro passo. Iremos chegar à mesma conclusão que a nossa jovem Joana:E foi assim, que arranjei novos AMIGOS. Amigos, sim, e digo-o o com maior orgulho do mundo. Somos pessoas que partilham vivências e experiencias, por norma, muito diferentes, mas que se apoiam nos momentos menos felizes, que se encaminham, que se aconselham, que por vezes se zangam, mas acima de tudo pessoas que pensam umas nas outras, que se preocupam, e que esperam ansiosamente pelo próximo jantar para se voltarem a ver.”
 

 

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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