Um minuto do futuro ou uma hora no passado?
Viajar no tempo é assunto de livros, filmes e muitos sonhos…
A semana passada fui surpreendido pelo desafio de uma rádio a caminho da escola: se pudesse, escolhias um minuto no futuro ou uma hora no passado? A pergunta não me deixou indiferente, não tanto pelo fascínio de tal possibilidade mas pelas razões que condicionariam a minha escolha. Qual seria? E, acima de tudo, porquê?
No início desta semana fui novamente surpreendido pela crónica da Marta Arrais “Viver do passado nem sempre é viver”. Quase como se fosse de propósito para me orientar, li e reli atentamente os prós e os contras do passado. Racionalmente, estou convencido de que não seria o passado a minha opção, mas… cá dentro… uma hora no passado… tanto que não foi dito ou calado, detalhes sem importância que não foram cuidados, amigos e familiares que poderia abraçar… Foi um ótimo exercício de exame de consciência. Mas afinal estas possibilidades que imaginava não passavam de resquícios de passado no meu presente e que se não os convertesse em oportunidades de fazer diferente agora… não passariam de lembranças que prendem em vez de esperanças que impelem.
Arrumado o passado, não nego as enormes vantagens de um minuto do futuro. E digo-o de uma forma altruísta. Quantas catástrofes seriam previstas? Quantos acidentes evitados? Quantas vidas salvas? Mas qual não seria a dor de saber o futuro e ser impotente para o evitar? Não deve ser fácil ser Deus e respeitar o pior que às vezes resulta do nosso livre arbítrio… A conclusão a que cheguei leva-me a não escolher também esta opção. No limite, conhecer esse minuto do futuro seria não vivê-lo, quer no futuro, quer no presente. O desconhecido, a novidade, a necessidade de sentirmos que construímos a vida momento a momento deve libertar-nos da vontade de conhecermos o futuro. Um projeto de vida responsável e livre estaria arruinado com um minuto de futuro, pois condicionaria todas as minhas escolhas e deixariam de ser livres.
“De onde venho” e “para onde vou” não é passado e futuro, é consciência de que sou um todo em cada momento, é ter a certeza de que cada momento presente deve dar sentido ao meu projeto de vida, é colaborar num projeto divino que me ultrapassa mas que exige o meu contributo.