Crianças protagonistas na Bíblia

Caim e Abel

No primeiro livro, chamado Génesis, a Bíblia junta várias narrativas. Uma fala da família de Adão e Eva e os filhos. O primeiro chamava-se Caim – cujo significado é «gerado com o auxílio de Deus». O segundo recebeu o nome Abel (Sopro). Caim escolheu ser lavrador e Abel decidiu ser pastor. Ambos ofereciam a Deus o fruto do seu trabalho: Caim queimava verduras e Abel um cordeiro. Porque subia mais fumo do sacrifício de Abel, Caim pensou que Deus preferia a oferta do irmão. Então, cheio de inveja, matou Abel. E Deus censurou Caim: «A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim.» 

 

Um sinal no céu

O terceiro filho de Adão e Eva – conta uma história da Bíblia nos Génesis –, chamava-se Set (Concedido). O autor bíblico apresenta-o como o primeiro da «Geração do Bem», que vai até Abraão, o pai na fé de judeus, cristãos e muçulmanos. Desta estirpe faz parte Noé, o homem justo, que construiu uma arca e teve o privilégio de sobreviver ao dilúvio, com a mulher, os três filhos e as noras. Foi a estes que Deus mostrou o Arco-íris no céu, como sinal de uma Aliança para defesa do valor supremo da vida. Ele abençoou-os, disse que fossem fecundos, e declarou que jamais eliminaria alguém como castigo. 

O menino nómada

Abraão recebeu a visita de Deus, que lhe disse: «Deixa a tua terra e vai para onde Eu te indicar. Farei de ti um grande povo». Abraão tinha 75 anos e a sua esposa, Sara, contava 66. Apesar de serem idosos, e de Sara ser estéril, confiaram na palavra de Deus, e partiram. Passaram-se anos e não tinham filhos. Então, Sara disse a Abraão que se unisse com a escrava Agar. Esta ficou grávida. Mas Sara zangou-se com ela, expulsou-a de casa, e Agar fugiu para o deserto. Ali um Anjo confortou-a: «Terás um filho. Chamar-se-á Ismael, isto é, Deus ouviu a aflição. Ele será nómada do deserto.» (Génesis 16)

O bebé da promessa

Quando Abraão tinha 99 anos e Sara 90, Deus visitou-os e disse a Abraão: «Farei de ti o pai de inúmeros povos. Abençoarei Sara e, por meio dela, dar-te-ei um filho. Da sua descendência sairão reis». Abraão gracejou: «Pode uma criança nascer de um homem de 100 anos? E Sara, que tem 90 anos, vai dar à luz?» Deus respondeu: «Sara vai dar-te um filho, a quem hás-de chamar Isaac (significa “aquele que traz alegria”).» Deus foi fiel à promessa e eles foram pais de Isaac. Este foi pai de Jacob, que teve 12 filhos, os quais deram origem às tribos de Israel. (Génesis, do capítulo 12 ao 21)

Os dois herdeiros

Sara disse a Abraão, seu esposo: «Expulsa a escrava e o filho dela, para que Ismael não seja herdeiro com o meu filho Isaac». Abraão entristeceu-se. Deus tranquilizou-o: «De Isaac há-de nascer a descendência que usará o teu nome. Contudo farei sair de Ismael também uma nação, porque ele é teu filho.» Abraão entregou pão e água a Agar, e ela partiu com Ismael para o deserto. Quando acabou a água, Agar pôs a criança debaixo de um arbusto e afastou-se, pensando: «Não quero vê-lo morrer!» Deus ouviu o menino chorar e fez aparecer um poço. Ismael cresceu no deserto e Deus protegeu-o.(Génesis 21) 

O filho único

Deus pôs Abraão à prova: «Toma o teu único filho, Isaac, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o em holocausto.» Três dias depois, chegaram ao lugar. Abraão construiu o altar, dispôs a lenha, amarrou Isaac e colocou-o sobre o altar. Depois ergueu a faca para imolar o filho e a seguir atearia o fogo. Nesse momento, Deus gritou do Céu: «Abraão! Não faças mal ao menino! Agora sei que crês em Mim, pois não reclamaste o teu filho único. Eu multiplicarei os seus descendentes como as estrelas do céu e a areia da praia. Por meio deles, todas as nações serão abençoadas.» (Génesis 22)

Um prato de lentilhas

Isaac casou com Rebeca e tiveram dois filhos gémeos. O primeiro era ruivo e peludo, e chamaram-lhe Esaú; o segundo segurava o calcanhar de Esaú, e recebeu o nome Jacob (o que transgride). Esaú fez-se um caçador hábil, enquanto Jacob era tranquilo. O pai apreciava a caça e preferia Esaú; já Rebeca queria mais a Jacob. Um dia, Esaú regressou esgotado do campo. Jacob estava a cozinhar lentilhas. Esaú disse: «Deixa-me comer o que preparaste.» Jacob respondeu: «Vende-me o teu direito de primogenitura.» E Esaú trocou os direitos de filho mais velho por um prato de lentilhas. (Génesis 25)

Nomes com significado

Jacob teve 12 filhos, seis de Lia e outros seis de Raquel. Lia chamou a um Rúben, dizendo: «Deus viu a minha aflição!»; a outro Simeão, afirmando: «Deus ouviu que eu não era amada!»; Levi ao terceiro, exclamando: «O meu marido prender-se-á a mim!»; Judá ao quarto, cantando: «Dou graças a Deus»; Issacar – «Deus recompensou-me» –, ao quinto; e Zabulão – «Grande prenda» –, ao último. Raquel teve Dan – «Deus fez-me justiça»; Neftali – «Competi e venci!»; Gad – «Que sorte!»; Aser – «Que felicidade!»; e gerou José, de quem disse: «Que Deus me dê outro»; e Benjamim – o filho dilecto.(Génesis 29-35)

O jovem vendido

Jacob preferia o seu filho José. Os outros irmãos odiavam-no. Um dia, Jacob mandou José ir ter com os irmãos que apascentavam o rebanho. Eles decidiram matá-lo, mas Judá propôs que o vendessem a uma caravana de ismaelitas. Receberam por ele 20 moedas de prata. Os negociantes levaram José para o Egipto e venderam-no ao chefe dos guardas do faraó. José impressionou o faraó e ficou à frente do império. Sobreveio a fome, e dos países vizinhos iam ao Egipto buscar alimentos. Também lá foram os irmãos de José. Ele perdoou o mal que lhe fizeram. E toda a família migrou para o Egipto. (Génesis 37-47)

O menino salvo das águas

Quando os israelitas viviam no Egipto como escravos, o faraó mandou matar os bebés hebreus rapazes. Temia que lutassem contra ele e fugissem do país. Porém, uma mulher escondeu o filho num cesto, na margem do rio. A filha do faraó foi banhar-se, viu a cesta e condoeu-se do menino. Sem saber, falou com a tia e com a mãe do bebé, e pediu-lhes que o criassem. Mais tarde, a princesa adoptou o menino e chamou-lhe Moisés, que significa «tirado das águas». Moisés cresceu na corte do faraó. Já adulto, recebeu de Deus a missão de libertar os hebreus e de os conduzir à Terra Prometida. (Livro do Êxodo)

O ajudante de Moisés

Moisés tinha setenta e dois homens como ajudantes. Mas um jovem, chamado Josué, era o seu braço-direito. Josué era o único que subia com Moisés ao Monte Sinai, quando este rezava a Deus. Josué também frequentava o Tabernáculo, onde Moisés falava com Deus face a face, como um amigo costuma falar com o seu amigo. Ele era valente como guerreiro e sábio para dar conselhos. Por isso, Deus escolheu-o para suceder a Moisés, como líder do povo de Israel. Moisés libertou o povo da escravidão no Egipto e foi Josué que o introduziu na Terra Prometida. (Livro do Êxodo)

O menino que ouvia Deus

O nascimento de Samuel trouxe alegria à sua mãe, Ana. Ela pediu muito a Deus que lhe desse um filho. Depois, agradecida, levou o menino para a Tenda Sagrada – onde estava a Arca da Aliança, com os livros da Lei de Deus –, para que ajudasse o sacerdote Eli, e também ele fosse sacerdote do Senhor. Certa noite, Deus chamou Samuel. Ele correu para Eli, mas este disse-lhe: «Volta para a cama e responde: “Fala, Senhor, pois o Teu servo escuta!”». A partir de então, Deus falou com Samuel. Todo o povo sabia que ele era um profeta do Senhor, e a palavra dele era respeitada. (Livros de Samuel)

O jovem rei

Saul era um jovem bonito, filho de pais ricos e influentes. Um dia, as jumentas do pai perderam-se, e este pediu a Saul que fosse procurá-las com um dos seus funcionários. Chegaram à cidade onde vivia o profeta Samuel, e quiseram consultá-lo. Mas Deus tinha já revelado a Samuel que iria receber a visita de Saul. E acrescentou ao profeta: «Tu o ungirás como rei do Meu povo de Israel. Ele salvará o povo das mãos dos inimigos. Porque Eu tenho visto o sofrimento do Meu povo e ouvido os seus pedidos de ajuda.» O jovem Saul foi o primeiro rei de Israel. (I livro de Samuel, capítulos 9 e 10)

Deus prefere os pequenos

Deus disse ao profeta Samuel: «Envio-te a Jessé, de Belém. Escolhi um rei entre os seus oito filhos.» Ao chegar, Samuel viu Eliab, o filho mais velho, e pensou: «Certamente é este o ungido do Senhor.» Mas Deus corrigiu-o: «Não te deixes impressionar pelo seu aspecto, nem pela sua estatura. O que o homem vê não importa: o homem vê as aparências, Eu olho ao coração.» Jessé chamou os restantes filhos, mas Samuel não escolheu nenhum deles. Faltava David, o mais novo, que apascentava as ovelhas. O Senhor disse a Samuel: «Unge-o: é ele!» E o Espírito do Senhor desceu sobre David. (1 Samuel, 16)

David contra Golias

O jovem David era soldado do rei Saul. Os filisteus atacaram os israelitas. Golias, um guerreiro enorme, gritou: «Escolham alguém para lutar comigo. Quem perder será escravo.» Tinha um capacete, um colete de malha, perneiras e um escudo, tudo de bronze. A sua lança pesava seis quilos. Saul e os israelitas acobardaram-se. Mas David disse: «Eu luto contra o filisteu! Sou pastor. Se um leão agarra uma ovelha, vou atrás e tiro-lha da goela. Deus me livrará das mãos deste filisteu.» Apanhou uma pedra, atirou-a com a funda, e acertou na testa do filisteu, que caiu morto de bruços. (1 Samuel, 17)

Uma grande amizade

O príncipe Jónatas, filho do rei Saul, afeiçoou-se ao jovem David. Queria-lhe tanto como a si mesmo. Por isso, pediu ao pai que David ficasse a viver no palácio. Nesse mesmo dia, deu o seu manto ao amigo e, com este, as roupas de que mais gostava, a espada, o arco e as flechas, e o cinturão. Aconteceu uma grande guerra contra os filisteus. O rei Saul perdeu e morreu. Jónatas sucumbiu também ao lado do pai. David soube-o e chorou amargamente: «Jónatas, meu irmão, que angústia sofro por ti. Como eu te amava! A tua amizade era mais preciosa para mim do que o amor das mulheres!» (2 Samuel, 1)

Nascimento do Salvador

Maria e José eram noivos. Antes de coabitarem, ela ficou grávida. José era justo. Não entendeu o que aconteceu com Maria, mas não quis denunciá-la à justiça, pois iriam apedrejá-la até à morte. E resolveu deixá-la secretamente. Mas o Anjo do Senhor disse-lhe em sonhos: «José, não temas receber Maria, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Já o profeta Isaías tinha anunciado: «A virgem conceberá e dará à luz um Filho; e hão-de chamá-l’O Emanuel, que quer dizer: Deus connosco.» 

Sabedoria do Rei Salomão

Deus apareceu em sonhos a Salomão e disse: «Pede-Me o que quiseres.» Este retorquiu: «Tu, meu Deus, é que me fazes reinar em lugar de David, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, e não sei como governar. Dá-me um coração sábio, capaz de discernir entre o bem e o mal.» Deus maravilhou-Se com a oração de Salomão: «Já que Me pediste isso e não uma vida longa, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sim inteligência para praticar a justiça, terás um coração tão inteligente como nunca houve nem haverá igual. Dou-te, além disso, o que não me pediste: riquezas e glória.» (1 Reis, 3)

De quem é o filho

Duas prostitutas apresentaram-se ao rei Salomão. Disse uma: «Esta mulher e eu moramos na mesma casa. Cada uma de nós deu à luz um menino, mas durante a noite, morreu o filho dela, porque o abafou. Enquanto eu dormia, ela levou o meu filho e deixou o dela ao meu lado. De manhã examinei o bebé e verifiquei que não era o meu.» A outra mulher negava tudo. Salomão mandou trazer uma espada: «Cortai o menino vivo», disse ele, «e dai metade a uma e metade à outra.» A verdadeira mãe estremeceu e disse: «Dai a ela o menino vivo; não o mateis!» A outra dizia: «Seja dividido. Não será meu nem dela!» (1 Reis, 3)

A recompensa

Deus apareceu ao profeta Elias e ordenou-lhe que fosse até uma povoação chamada Serepta e pedisse alojamento a uma viúva. A mulher recolhia lenha. Disse-lhe Elias: «Por favor, vai buscar-me um pouco de água e traz-me também um pedaço de pão.» Respondeu-lhe ela: «Não tenho pão cozido: só tenho um punhado de farinha e um pouco de óleo. Estava a preparar esse resto para mim e para o meu filho, a fim de o comermos, e depois morrermos.» Elias replicou: «Não temas. Prepara-me o que pedi, pois eis o que diz o Senhor: a tua farinha não se acabará e a ânfora de azeite não se esvaziará.»(1 Reis, 17)

Ressurreição de um menino

O profeta Elias hospedou-se em casa de uma viúva, que tinha um filho. O menino adoeceu e morreu. A mulher disse a Elias: «Homem de Deus, vieste à minha casa para me lembrar os meus pecados e matar o meu filho?» O profeta pegou no menino ao colo, levou-o para o quarto e rezou a Deus: «Senhor, até a uma viúva, que me hospeda, queres afligir, matando-lhe o filho? Rogo-Te que a alma deste menino volte a ele.» Deus ouviu a oração de Elias e o menino voltou a viver. A mulher exclamou: «Agora vejo que és um homem de Deus e que é verdadeira a palavra que o Senhor põe nos teus lábios.» (1 Reis, 17)

Maldizer e ser amaldiçoado

O profeta Eliseu, chamado «O Homem de Deus», era uma pessoa sossegada e boa. Tinha o poder de dar a vida e também de provocar a morte. Um dia ia ele a caminho de uma localidade chamada Betel, que significa «Casa de Deus», para ir ensinar numa escola de religião. Saíam da cidade uns rapazes. Com grande algazarra, puseram-se a zombar dele, dizendo «Sobe, careca; vai para o Céu, careca!» Eliseu não era velho, e só morreu 50 anos mais tarde. Voltou-se para eles e amaldiçoou-os em nome do Senhor. Nesse instante, surgiram da floresta dois ursos e despedaçaram 42 daqueles rapazes. (2 Reis 2, 24)

O resgate dos filhos

Uma viúva foi ter com o profeta Eliseu e disse-lhe: «O meu marido morreu. Ele temia a Deus. Mas agora um homem, a quem ele devia dinheiro, quer levar os meus dois filhos, a fim de serem escravos dele, como pagamento da dívida.» Eliseu perguntou: «Tem alguns bens?» Ela respondeu: «Só uma almotolia de azeite.» Disse o profeta: «Vá pedir aos seus vizinhos muitas almotolias vazias. Deite nelas o azeite e venda as que ficarem cheias.» O azeite correu até encher a última almotolia. Então, Eliseu ordenou: «Venda o azeite, pague as dívidas e use o que sobrar para viver com os seus filhos.» (2 Reis 4)

Dom da maternidade

O profeta Eliseu passava por uma cidade. Certa mulher rica convidou-o para comer na casa dela e, sempre que ele voltava àquela povoação, comia ali. A família preparou, mesmo, um quarto para o profeta. Este perguntou-lhe: «Que posso fazer por ti, em reconhecimento da atenção que me tens dedicado?» Ela respondeu: «Homem de Deus, eu vivo em paz no meio do meu povo.» Mas Eliseu soube que ela não tinha filhos. Então, assegurou-lhe: «Por esta altura, no próximo ano, acariciarás um filho.» E assim foi: passado um ano ela deu à luz um menino. (2 Reis 4)

O conselho de uma jovem

Naamã era um general do rei da Síria. Era valente, mas tinha lepra. Os sírios atacaram Israel. E, no saque, levaram consigo uma jovem israelita, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. Esta disse à sua senhora: «Se o meu amo fosse ter com o profeta que reside na Samaria, ele o curaria da lepra!» Naamã foi ao encontro do profeta Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: «Lava-te sete vezes no Jordão e o teu corpo ficará limpo.» Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e a sua pele ficou limpa e macia como a de uma criança. (2 Reis, 5)

De pai para filho

Tobite disse ao seu filho Tobias: «Quando eu morrer, sepultar-me-ás, e não desprezarás a tua mãe. Faz o que for do agrado dela. Não lhe causes tristezas. Lembra-te que ela passou muitos perigos quando te gerava. Invoca o Senhor todos os dias. Não transgridas os Seus mandamentos. Pratica a justiça. Se agires conforme a verdade, serás bem sucedido. Se possuíres muita riqueza, dá esmolas em proporção dela. Se vires um pobre, não desvies o rosto, e Deus não afastará de ti o Seu rosto. Ama a tua esposa. Paga aos teus empregados. Procura o conselho de pessoas sensatas.» (Livro de Tobite, 4)

Os noivos

O jovem Tobias apaixonou-se por Sara. O pai dela disse-lhe: «Eu te concedo a minha filha, já que Deus assim o determinou. Serás como seu irmão e ela como tua irmã. Sois um do outro desde hoje até à eternidade. Que Deus guie os vossos passos na paz!» No dia de núpcias, Tobias propôs a Sara: «Vamos rezar ao Senhor, para que nos envolva com o Seu amor: bendito sejas, Deus dos nossos pais. Criaste Adão e deste-lhe Eva como esposa e amparo valioso. Disseste que não é bom que vivamos sós, e deste-nos um auxiliar semelhante. Permite que cheguemos juntos à velhice.»(Tobite, 8) 

A menina rainha

Ester nasceu na Pérsia. Filha de imigrantes judeus, ficou órfã, e o primo Mardoqueu adoptou-a. Ele era porteiro do palácio real. Ester tinha muitas virtudes: era bonita, alegre, bondosa, saudável, aprendeu bem a língua e os costumes da Pérsia, conquistava a confiança das pessoas, e manteve-se fiel à cultura e à religião dos seus pais. No palácio fez-se um concurso para escolher a nova rainha, e Mardoqueu inscreveu a prima. E o rei escolheu Ester para reinar com ele no país mais rico e poderoso daquele tempo. Ela salvou o rei de uma conspiração e impediu a expulsão dos judeus. (Livro de Ester)

Sete irmãos mártires

Quando o imperador grego ocupou Israel e obrigou o povo a adorar deuses pagãos, uma mulher foi torturada com os seus sete filhos. O primeiro disse: «Preferimos morrer a desobedecer às leis dos nossos antepassados.» Enfurecido, o rei intensificou os suplícios e matou-o. O segundo exclamou: «Tu, miserável, tiras-nos esta vida presente, mas o Rei do universo nos fará ressuscitar para a Vida Eterna.» O terceiro declarou: «De Deus recebi o meu corpo, e agora desprezo-o, pois espero que Ele o devolva um dia.» E o mesmo testemunho deram os restantes irmãos e, por fim, a mãe. (2 Macabeus, 7) 

A jovem fiel

Elimélec, cujo nome significa «o meu Deus é rei», e Noemi – Doçura –, tinham dois filhos: Maaolon (enfermidade) e Quilion (debilidade). Um casou com Orpa (a que volta as costas) e o outro com Rute (a amiga), duas jovens estrangeiras. Noemi ficou viúva e quis que lhe chamassem Mara (amargurada). Pouco depois, também Orpa e Rute perderam os maridos. Mara decidiu voltar para a sua pátria e despediu-se das noras. Orpa ficou. Rute, ao contrário, exclamou: «Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores, eu irei contigo. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!»(Livro de Rute)

O poder das crianças

Ó Senhor, nosso Deus, como é poderoso o Teu nome em toda a terra! Exaltaste a Tua majestade acima do céu. Da boca das crianças e dos bebés sai um louvor que confunde os Teus opositores e faz calar os adversários rebeldes. Quando contemplo os céus, obra das Tuas mãos, a Lua e as estrelas que criaste, que é o homem para Te lembrares dele, o ser humano, para com ele Te preocupares? Quase fizeste de nós um ser divino, de glória e de honra nos coroaste. Deste-nos domínio sobre as obras das Tuas mãos. Senhor, nosso Deus, como é admirável o Teu nome em toda a terra! (Salmo 8)

Mandamento do amor

Como o Pai Me ama, assim Eu vos amo. Permanecei no Meu amor, guardando os Meus mandamentos, como Eu guardo os de Meu Pai e permaneço no Seu amor. Digo-vos isto, para que a Minha alegria esteja em vós. É este o Meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amo. Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Vós sois Meus amigos, praticando o que vos mando. Chamo-vos amigos, porque vos comuniquei tudo o que ouvi de Meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e quero que deis fruto e que ele permaneça. (Evangelho de João, 15)

O menino advogado

Susana era uma mulher bonita. Dois homens quiseram violá-la. Ela resistiu, e eles vingaram-se, acusando-a de prevaricar com um jovem. O tribunal condenou-a à morte. Mas quando ela ia a caminho da execução, um rapazinho, chamado Daniel, afirmou ter provas de que os homens eram mentirosos. E, para o atestar, incitou os juízes a escutá-los em separado. Como o rapazinho previu, não só os depoimentos não coincidiram, como se provaram as más intenções dos dois homens. Graças a Daniel, que não ficou calado, Susana ficou livre e os dois homens foram condenados. (Livro de Daniel, 13-14) 

Uma criança traz a paz

Profetizou Isaías: «Da família de Jessé brotará um Messias. Ele será abençoado pelo Espírito de Deus: Espírito de sabedoria e inteligência, de conselho e fortaleza, de conhecimento e de temor do Senhor. Ele não julgará pelas aparências, mas com justiça. Com Ele, o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leãozinho pastarão juntos, e um menino os conduzirá; e do mesmo modo o urso e a vaca. Os bebés brincarão na toca da cobra venenosa. Ninguém fará o mal nem provocará destruição, porque a terra estará cheia do Amor de Deus.» (Livro de Isaías, 11)

O primo de Jesus

Deus apareceu a Zacarias, sacerdote no Templo de Jerusalém, e disse-lhe: «A tua esposa Isabel vai ter um filho. Vais chamá-lo João, que significa «Deus perdoa». Ele tem uma missão muito importante: anunciará a chegada do Messias e dirá às pessoas que para O acolherem devem abandonar o pecado.» Ao sexto mês da gravidez de Isabel, a sua prima Maria, mãe de Jesus, foi visitá-la. Isabel disse-lhe: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é Jesus, o fruto do teu ventre. Quando me cumprimentaste, João saltou de alegria no meu ventre, pois o próprio Deus veio visitar-nos.»(Evangelho de Lucas, 1)

Os mártires inocentes

Quando Jesus Cristo nasceu houve sinais que O manifestaram como Filho de Deus: uns anjos apareceram a uns pastores; uma estrela brilhou no Oriente e guiou uns magos até à gruta, na cidade de Belém, onde estava o Menino; e um casal de idosos, Simeão e Ana, falou de Jesus aos que entravam no Templo de Jerusalém. Ao mesmo tempo, outros viram em Jesus um adversário que era preciso matar, concretamente o rei Herodes, os políticos, os chefes religiosos e os magistrados. E, como não sabiam quem Ele era, Herodes mandou matar os meninos de Belém com menos de um ano.(Evangelho de Mateus, 2)

Jesus e os professores

Jesus vivia em Nazaré. Todos os anos ia com os pais ao Templo de Jerusalém para a Festa da Páscoa. Quando Ele tinha 12 anos, ficou na capital, enquanto José e Maria iniciaram o regresso a Nazaré, ele no grupo dos homens e ela com as mulheres. Cada um pensava que Jesus estava com o outro. Voltando a Jerusalém, três dias depois, encontraram-n’O no meio dos professores da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas. Todos se admiravam com a inteligência de Jesus. Maria disse-Lhe: «Filho, andávamos aflitos à Tua procura!» Jesus respondeu: «Não sabiam que Eu devia estar na Casa do Meu Pai?» (Lucas, 2) 

Sim e não

Um dia, em Jerusalém, Jesus interpelou os Seus ouvintes com esta história: «Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: “Meu filho, vai trabalhar na vinha.” Ele respondeu: “Não quero.” Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi. Dirigiu-se ao outro e disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: “Sim, pai.” Mas acabou por não ir. Que vos parece? Qual dos dois fez a vontade do pai?» Os ouvintes responderam: «O primeiro.» E Jesus concluiu: «Em verdade vos digo: os pecadores antecipam-se aos que se consideram puros no Paraíso, porque se arrependem do mal que fazem.»(Mateus, 21) 

A filha da estrangeira

Jesus deixou a Palestina e foi para Tiro e Sidónia, no Líbano. Uma mulher começou a gritar: «Senhor, tem misericórdia de mim. A minha filha é atormentada por um demónio.» Jesus queria passar despercebido naquela terra estrangeira e desculpou-se à mulher: «Deixa que os filhos comam primeiro, porque não é correcto tirar-lhes o pão para o lançar aos cachorrinhos.» A mulher replicou: «Mas até os cachorrinhos comem as migalhas que as crianças deixam cair.» Então Jesus assegurou-lhe: «Mulher, em atenção à tua fé, volta para casa; o demónio já saiu da tua filha.»(Evangelho de Marcos, 7)

A menina de 12 anos

Jesus estava na margem do Mar da Galileia. Um dos chefes do culto, chamado Jairo, suplicou-Lhe: «A minha filha está a morrer; vem impor-lhe as mãos para que se salve.» Jesus partiu. Entretanto, um mensageiro anunciou: «A tua filha morreu. Não incomodes o Mestre.» Mas Jesus disse a Jairo: «Nada temas; crê somente.» Ao chegar à casa, dirigiu-se aos presentes: «Porquê tantas lamentações? A menina não morreu. Está a dormir.» Riram-se d’Ele. Jesus segurou as mãos da menina e ordenou-lhe «Levanta-te!» Ela começou a andar, pois tinha 12 anos, e Jesus mandou que lhe dessem de comer. (Marcos, 5) 

O filho da viúva

Jesus ia a caminho de uma cidade chamada Naim. Iam com ele os 12 apóstolos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, um rapaz, filho único de uma viúva. A acompanhá-la ia muita gente da cidade. Jesus, sentindo grande compaixão para com a mulher, disse-lhe: «Não chores!» Aproximou-Se, tocou no caixão, e os que o levavam pararam. Ordenou Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!» O rapaz sentou-se e começou a falar. A multidão glorificou a Deus, dizendo: «Um grande profeta surgiu entre nós: Deus visitou o Seu povo.»(Lucas, 7)

O Filho Pródigo

Um homem tinha dois filhos. O mais novo pediu a parte da herança que lhe pertencia. Viajou e esbanjou quanto possuía. Ocorreu uma grande fome e, para sobreviver, ele guardou porcos, e até desejou comer as alfarrobas destes. Então, caiu em si, pensou no pai e nos trabalhadores que viviam com fartura, e decidiu: «Vou ter com o meu pai e digo-lhe: pequei contra o Céu e contra ti; não sou digno de ser teu filho.» O pai, quando o viu ao longe, correu-lhe ao encontro, encheu-o de beijos e organizou um banquete para ele. Todavia, o irmão mais velho não o perdoou e zangou-se com o pai. (Lucas, 15)

O menino que deu o lanche

Jesus estava a falar à multidão e viu que anoitecia. Perguntou ao apóstolo Filipe: «Onde vamos comprar comida para toda esta gente?» Este respondeu: «Para cada pessoa poder receber um pouco de pão, precisamos de mais de duzentas moedas de prata.» Outro apóstolo, André, irmão de Simão Pedro, interveio: «Está aqui um menino que tem cinco pães e dois peixinhos.» Jesus mandou sentar as pessoas. Pegou nos pães e nos peixes, rezou em acção de graças a Deus, e mandou distribuí-los. A multidão, onde havia mais de cinco mil homens, saciou-se e ainda sobraram doze cestos cheios. (Lucas, 9) 

Jesus e as crianças

Jesus abençoava as crianças e orava por elas. Mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam. Jesus corrigiu-os: «Deixai vir a Mim os pequeninos, porque a Vida Eterna pertence aos que são como eles. E, se não forem como crianças, vocês não entrarão no Reino dos Céus.» Um jovem perguntou-Lhe: «Mestre, que devo fazer para alcançar a Vida Eterna?» Jesus replicou: «Cumpre os mandamentos.» O jovem retorquiu: «Tenho cumprido tudo isso.» Jesus disse-lhe: «Falta uma coisa. Vende o que tens, dá aos pobres, e segue-Me.» O jovem, porém, foi-se embora, triste, porque era avarento. (Mateus, 19)

Palavras de sabedoria

«Filho, escuta a instrução do teu pai, e não desprezes os ensinamentos da tua mãe, porque serão como um anel no teu dedo ou um colar ao teu pescoço. Se os pecadores quiserem enganar-te, não te deixes seduzir. Eles costumam dizer: “Vem connosco, conseguiremos todo o tipo de bens.” Deus quer que os pais sejam honrados pelos filhos. Quem honra pai e mãe é como quem junta um tesouro. Quem honra os pais será respeitado pelos seus filhos, e quando rezar será atendido.» (Livro dos Provérbios, 1)

«Preguiçoso, vai ter com a formiga, observa o seu proceder e torna-te sábio! Ela não tem patrão, nem capataz, nem mestre. No Verão, faz as suas provisões, junta o seu alimento. Até quando dormirás tu, ó preguiçoso? A indigência toma conta de ti como um ladrão e a pobreza ataca-te como um soldado.» (Provérbios, 6)

«São sete as coisas que Deus detesta: o olhar orgulhoso, a língua mentirosa, as mãos assassinas, o coração perverso, os pés que tendem para o mal, os caluniadores e aqueles que semeiam discórdias entre irmãos.»(Provérbios, 6)

«Filho, recebe a instrução desde os teus jovens anos; ganharás uma sabedoria que durará até à velhice. Indaga como aquele que lavra e semeia, e espera pacientemente os frutos excelentes. Fatigar-te-ás enquanto te cultivas, mas comerás os frutos. A sabedoria é amarga para os ignorantes! Escuta quem é sábio. O saber será para ti motivo de alegria. A sabedoria será uma vestimenta que usarás com vaidade.» (Provérbios, 6)

«Filhos, cuidem do vosso pai na velhice, e não o abandonem enquanto ele viver. Mesmo se ele vier a perder o siso, sejam compreensivos e não o desprezem, pois a caridade feita ao pai e à mãe não será esquecida. No dia do perigo, Deus Se lembrará de vós. Quem despreza o pai é impiedoso, e quem irrita a mãe será amaldiçoado pelo Senhor.» (Livro do Eclesiástico, 3)

«Aquele que ama o seu filho, corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de se defender dos vizinhos. Aquele que educa o seu filho será elogiado por causa dele. Diferente é aquele que estraga seus filhos com mimos. Um filho insubmisso torna-se intratável; a criança entregue a si mesma torna-se perigosa.» (Eclesiástico, 30)

«Vede com que amor nos amou Deus, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus. Se o mundo não nos quer, é porque não O amou a Ele. Desde já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser: seremos semelhantes a Deus, e iremos vê-l’O face a face. Ninguém vos seduza: aquele que pratica a justiça é justo, como Jesus é justo. Aquele que peca é do demónio, porque o demónio peca desde o princípio do mundo. Quem nasceu de Deus não peca, porque o gérmen divino reside nele; e não pode pecar. Quem ama o irmão e pratica a justiça é de Deus.» (1.ª Carta de João, 3)

©Revista Audácia

iMissio

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail