Deixemo-nos povoar pelo silêncio
O silêncio faz-nos bem. O silêncio regenera-nos a alma. Precisamos do silêncio no nosso coração para poder dar espaço a Deus e para poder darmo-nos espaço. Lembremo-nos que a mais bonita das histórias é contada no silêncio de um olhar ou no silêncio do abraço. O silêncio é quem povoa a nossa alma tal como o espaço povoa o nosso corpo. Dizemos que somos feitos de matéria mas entre cada célula do nosso corpo, entre cada átomo há um espaço, há um silêncio. Da mesma forma facilmente diríamos que somos feitos de palavras mas muitos mais são os nossos silêncios. Somos feitos de espaço mais que de matéria, de silêncio mais que de palavras. Permitamo-nos ser esse silêncio. Demos espaço ao silêncio no nosso coração e na vida.
José Tolentino Mendonça dizia que “Somos analfabetos do silêncio e esse é um dos motivos porque não sabemos viver na paz.” Quantas vezes fugimos do silêncio porque nos parece petrificador de tão ruidoso que é para o nosso coração? Quando perdemos o medo ao silêncio conseguimos estar unidos a Deus, ao que de mais íntimo que existe em nós e em cada pessoa. O silêncio é caminho para a paz no nosso coração.
O amor revela-se pelo silêncio. O amor é tantas vezes o silêncio. O amor de Deus na nossa vida é como a música. Precisamos de perceber que nem só de som se faz a música o silêncio, as pausas, são o segredo para o que o som adquira toda a sua beleza. Assim também são as quem pausas dá sentido e beleza à música. O silêncio cura-nos a vida. Através dele surge a cura, surge o caminho da paz e da serenidade. Ao deixarmo-nos povoar pelo silêncio iremos, pouco a pouco, dar-nos voz, sentirmo-nos e ouvirmo-nos. Precisamos dele para nos escutarmos. Dar espaço ao silêncio abre as portas do nosso coração a Deus. O papa francisco disse que “Deus atua no silêncio e na humildade. Esta é a sua forma de atuar na história”. Deixemo-nos povoar pelo silêncio. Fazendo silêncio no nosso coração iniciamos o caminho de cura e nenhum caminho é tão recompensante quanto o do silêncio. Só através dele chegaremos à paz e fazendo de nós o nosso paraíso e de Deus a nossa arca de Noé.