Olhares que nos encontram
Dizem que os olhos são o espelho da alma. Que com as suas expressões tudo refletem, até o mais íntimo da pessoa em si.
Dizem que num olhar nos podemos perder e que num outro olhar nos podemos encontrar. E, de facto, por vezes encontramos olhares que nos fazem perder e verdadeiramente nos fazem encontrar.
Entre os milhares de olhares únicos e irrepetíveis que guardo na minha mente, penso num. Um apenas. Um que me fixou tanto quanto os outros, mas um que me interpelou mais que todos os outros. Esse.
O olhar simples, por vezes envergonhado, mas sempre risonho. O olhar que se desvia subtilmente e que seduz outros olhares. O olhar que reflete uma vida cheia mas um amor ainda maior. O olhar que não consegue estar em silêncio por dele brotarem todas as palavras bonitas capazes de formar o mais belo poema. O olhar ternurento que me desarma e me faz não ter medo. Não por ser o olhar que é. Não por serem os olhos de quem são. Mas por transmitirem, de forma tão espontânea, tudo aquilo que já viveram.
Olhos verdes reluzentes como o mais belo luzeiro. Olhos verdes espelhados como a água do mar. Olhos verdes encantados como a alegria de viver. Olhos verdes cansados de não desistir. Olhos verdes vitoriosos dos sofrimentos que guardam. Olhos verdes de ternura, resplandecendo o amor do Pai. Olhos verdes humildes, espelho daquilo que é.
Um olhar que, por me encontrar, me fez perder. Mas um olhar que, estando perdida, me fez encontrar de novo.