Sê a tua melhor casa. Passamos demasiado tempo a cobrar-nos. O querer mudar-nos. Passamos demasiado tempo a ver a imperfeição, o errado e os defeitos de fabrico. Damos por nós numa tristeza sem nome que nem vemos chegar, que nem sabemos de onde vem. Vem de dentro. Como se formou? Como lhe demos espaço para ser? Quantas vezes pensamos “senão fosses assim”, “senão tivesses esse feitio”? Quantas vezes nos culpamos? Quantas vezes nos cobramos?

Perdoar é difícil mas ainda assim fazemo-lo mais facilmente a outros que a nós mesmos. Porque nós podemos mais, conseguimos mais, somos capazes de chegar mais longe, de aguentar mais um segundo, de conseguir trabalhar mais uma hora, de fazer mais aquilo d o outro. Porque nós podemos tudo. Mas e o tempo de nos cuidarmos? Mas e o tempo para nos amarmos e aceitarmos como somos?

Somos a casa onde passamos mais tempo. Mas quanto tempo passamos a arrumar-nos? Quanto tempo passamos sentados amando-nos e aceitando-nos tal e qual como somos. Temos sede de infinito. Queremos sempre mais. Vivemos num ciclo de sede insaciável. Paremos. Sejamos agora. Amemo-nos neste agora com tudo aquilo que somos. Amemo-nos neste presente fazendo de nós a nossa melhor casa. Podemos ser o nosso paraíso ou o nosso inferno é uma escolha. Que escolhemos nós? Escolhemos ser-nos paraíso ou escolhemos ser-nos inferno? Sejamos o nosso paraíso.

Aceitemo-nos. Aceitemos até aquele jeito, aquela característica e aquele defeito. A maior recompensa é a conquista do nosso ser. Então passemos tempo a amar-nos, a cuidar-nos. Façamos de nós o nosso melhor porto de abrigo, aquele a que queremos sempre voltar. Sejamos o nosso melhor abraço de regresso a casa. Sejamos o nosso melhor amigo. Sejamos o nosso melhor amanhecer. Sejamos a nossa melhor casa.