Ser criança no coração

Crónicas 16 julho 2018  •  Tempo de Leitura: 2

Quando deixamos de sonhar? Quando deixámos que a vida nos cortasse os sonhos? Cecília Meireles escreveu que“aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”. Tantas e tantas vezes a vida e o mundo mostram-nos o seu lado lunar, mostram-nos a violência. Tanto é o sofrimento que nos rodeia, que deixamos que nos cortem e castrem os sonhos, que deixamos de sonhar. Deixamos de ser os meninos e jovens que sonharam um dia que o amor salvaria o mundo, que juravam e faziam planos sobre como tornar isso possível. Deixamos de ver a magia da primavera que é o amor. Deixamos contagiar-nos pelo sofrimento e pela violência. Somos agora os adultos cansados, de agenda cheia que vê mundo mais cinzento que azul.

 

Aos poucos corremos o risco de nos tornar nas pessoas que antes ouvíamos repetir-nos que não era possível mudar o mundo, que o amor não salva, nem tem qualquer magia. Esquecemo-nos que tal como Khalil Gibran escreveu que “porque assim como o vosso amor vos engrandece, também deve crucificar-vos e assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que tremem ao sol, também penetrará até às raízes sacudindo o seu apego à terra.”Esquecemo-nos que por vezes o amor também é duro. Esquecemo-nos que por amor Jesus foi crucificado e morto. Esquecemo-nos que Jesus revolucionou o mundo convertendo a morte em ressurreição. Esquecemo-nos que a morte, o sofrimento, a dor e a violência não têm a última palavra mas sim a ressurreição.

 

Lembremo-nos Jesus disse: “Mas Jesus lhes ordenou: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas” (Mt 19, 14). Então cresçamos mas cresçamos sendo eternas crianças no coração. Tal como as crianças sejamos capazes de ver magia e acreditar em milagres. Sejamos capazes de acreditar no mundo e nas pessoas. Sejamos capazes de acreditar que também há primaveras e verões e não somente invernos e outonos. Sejamos capazes de ver amor no mundo. Sejamos capazes de voltar a ser as crianças que fomos e que acreditavam que podíamos mudar o mundo. Só quem mantém a criança viva dentro de si pode entender realmente o amor, a sua magia e o quanto nos pode fazer mudar o mundo passo a passo, pessoa a pessoa.

paula ascenção sousa. a minha religião é o amor. cresci católica, descobri-me missionária. acredito e vivo o amor sem rótulos, sem barreiras, para todx. vivo do amor,  por amor e com amor e para amar.

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