A vocação de ser professor
Nas últimas semanas, sob "os pingos da chuva", tem-nos chegado pela TV e restantes meios de comunicação, ou então porque muitos tem filhos em idade escolar, a crise dos professores e das escolas. Os "pingos" que nem sempre conseguem ofuscar na totalidade esta crise têm sido o Mundial de Futebol, o resgate dos miúdos na Tailândia, o Ronaldo na Juventus… Está tudo a terminar… Será que o "sol vai raiar" sobre a escola?
Se existe uma profissão que talvez não seja um ofício, mas uma verdadeira vocação, é a do professor. Para ensinar, não é suficiente saber muito, ter muitos títulos académicos e muita paixão pela matéria que se ensina.
Ensinar, acima de tudo, significa ser uma pessoa que sabe pôr-se a si mesmo à disposição dos outros. Antes de transmitir saberes e conceitos, deve transmitir um estilo humano, um ser-se pessoa. Ou seja, a primeira missão e paixão do professor é a humanidade vivida em si mesmo e na pessoa dos alunos. Aquele ou aqueles que estão ao seu cuidado são sobretudo pessoas, não números ou apenas comportamentos e capacidades.
O professor mais do que olhar para as capacidades deve ver o percurso de amadurecimento feito pelo aluno. A escola deve estar mais atenta à necessidade de avaliar e não de quantificar; deve reconhecer o empenho dos alunos ligando os resultados obtidos ao esforço feito por cada um dentro das suas reais capacidades, porque por detrás de cada aluno está uma pessoa. Só um professor vocacionado , porque marcado por esta humanidade, é que será "um marco" nas vida dos alunos.
Na minha opinião, o professor cristão deve ter 3 características fundamentais:
Estabilidade, seja a nível pessoal e afetivo, seja a nível de trabalho. As crianças e os adolescentes precisam de alguém que com a sua vida tenha alguma coisa a transmitir;
Disponibilidade para aprender a difícil arte que é educar. Não pode reduzir-se a um animador que brinca e joga. É fundamental manter uma distância justa entre si e os seus alunos. Distância que não quer dizer desinteresse, mas capacidade de objetividade no ensino. É extremamente necessário que o professor saiba dizer "não", se este contribui para o crescimento humano dos alunos. Tal como um pai "amigo" do filho, o professor "amigo" do aluno não é apenas desadequado como também, muitas vezes, danoso;
Finalmente, a abertura ao caminho da fé. O desejo de aprofundar a própria fé através do testemunho e de ações concretas ligadas à solidariedade, à caridade, ao acolhimento do outro na sua individualidade, são um estímulo concreto para que um adolescente, que se encontra num caminho de conhecimento e realização pessoal, procure a espiritualidade.
Boas férias para todos os educadores e todos os alunos.