Por que razão passamos a vida a pedir?
Será que somos assim tão necessitados? A verdade é que face ao mundo, aos outros e até perante nós mesmos, pedimos, exigimos, imploramos, fazemo-nos vítimas de alguém que se terá esquecido, de forma injusta, das nossas carências e parece desejar a nossa infelicidade.
Precisamos sempre de algo. Parece até que é sempre apenas essa coisa concreta que nos separa da paz. Mas, depois, nunca é assim!
Agradecemos o que nos vai sendo concedido, mas apenas se o tivermos pedido!
Comparamo-nos de forma constante com os que julgamos estarem acima de nós. Por que razão não temos nós o mesmo? Dói-nos o vazio e a injustiça de estarmos privados de algo que sentimos como nosso, mas que nos está a ser roubado.
Não é preciso compararmo-nos com os que têm menos do que nós, apenas aprender com eles a lidar com a adversidade e a ser felizes, apesar de não terem muito do que nós temos, apesar de nos esquecermos de o partilhar com eles, apesar de tudo.
E se, em vez de listas de pedidos, nos dedicássemos a admirar o que temos, o que nos é dado a viver, sem que sequer o tenhamos pedido? Nem é preciso agradecer, é só mesmo para usufruir da bondade e da beleza que nos rodeiam e de que somos feitos.
A existência de cada um de nós é sempre dura, simples e profunda. No final desta vida, poucas frases serão suficientes para a condensar. Tratemos de as compor de forma digna e elevada, como um elogio à liberdade e não como uma lista de reclamações.
A vida é tão generosa connosco e nós tão mesquinhos com ela…
A felicidade conquista-se no dar, não no receber. Não é uma esmola, é uma recompensa. Não depende do que temos, mas sim do que escolhemos ser!