Milagre do amor
O que são os milagres? Acreditamos mesmo em milagres? Acreditamos mesmo no amor? É fácil acreditar no amor quando a vida nos corre bem e nos vai de feição. Mas e quando estamos rodeados por sofrimento? Mas e quando a vida parece dura como uma rocha? Mas e quando a vida nos mostra o seu lado mais duro, mais cruel? E quando tudo parece escuro? Quando o nosso horizonte parece ter sido pintado a preto tal é a dor e o sofrimento que nos rodeiam? Que fazemos? Acreditamos em milagres? Acreditamos no amor? Vemo-lo?
Um dia uma criança aproximou-se e contou-me a sua história. E, de tão triste que se sentia começou a chorar. Os colegas gozavam com ela na escola e havia violência em casa. E ela com a sua simplicidade chorava enquanto me contava. Depois de terminar perguntou-me: “Hermanita, disseram-me que os milagres existem. Se eu pedir muito, se eu rezar muito, os milagres acontecem?”Eu olhei para ela e lembrei-me novamente porque é que Deus diz que o reino de Deus é como uma criança. As crianças são puras e os humanos são, tantas vezes, embrutecidos pela vida. Ela via que a vida era dura e difícil mas ainda assim procurou pelo amor. Eu respondi-lhe que sim.
É fácil deixarmo-nos embrutecer. É fácil ver a crueldade, o sofrimento e a tristeza e confiar que é essa última palavra do mundo. É fácil acreditar que as coisas não têm maneira de ficar melhores, que não há solução. O desafio é seguir o caminho do amor. Acreditar que passo a passo podemos mudar o mundo. Confiar que podemos ser parte da mudança que queremos ver no mundo. Desafiemo-nos a acreditar em milagres. Acreditemos no milagre do amor que se concretiza em abraços, beijos na testa e cafunes. Confiemos no amor que nos faz ser capazes de com a vida tornar o impossível, possível.
Percorramo-nos. Vamos ao fundo da nossa alma. Ali jaz o homem do leme. O que acreditou ser possível ir navegar mar a dentro descobrindo o caminho marítimo para a índia. E descubramos diariamente o caminho do amor. Acreditando e confiando que independentemente do quão negro for o horizonte não há nada que uma noite de sono, uma caneca de chá e um abraço de urso possam resolver.