Quem são os pobres?

Crónicas 19 outubro 2018  •  Tempo de Leitura: 2

Os pobres, no sentido comum da palavra, são pessoas. Muito mais do que carenciados ao nível material, são seres humanos iguais a mim e a si.

 

É mais confortável pensarmos que eles serão, mais ou menos, culpados dessa sua circunstância. Que gerem mal os seus recursos e que, por isso, merecem ser castigados. A culpa parece-nos nunca ser nossa. Nem próximo disso. Se necessário, encontramos imensos responsáveis para a pobreza, mas nós é que nunca admitimos sê-lo. Aliás, nós até ajudamos com uma esmola, mas só de vez em quando, que é, dizemos, para não criar dependência.

 

Não é justo, nem humano, que qualquer um de nós não se empenhe em auxiliar quem não tem o mínimo.

 

Podemos não mudar o mundo todo, mas devemos, com gestos humildes, mudar a vida de alguém, ainda que seja apenas com uma refeição ou o simples respeito de dialogar com ele como igual. Não, não é condescender. Somos iguais. As circunstâncias mudam muito mais do que as pessoas.

 

Quantos pobres não tiveram já vidas como a nossa? Quantos de nós não fomos pobres? O que aconteceu para que essa mudança tivesse acontecido?

 

Um rico que é abastado porque se apropria, de forma desonesta, dos bens alheios não é muito mais pobre do que um homem que prefere pedir esmola em vez de ser desonesto?

 

Rico é aquele que dá. Pobre é aquele que quer sempre mais para si; aquele vive em eterna inquietação e fuga em busca de ter mais e mais, sem nunca reparar na riqueza do seu interior.

 

Cego não é aquele que não consegue observar o céu do nosso mundo comum; o verdadeiro cego é aquele que é incapaz de fechar os olhos e, em paz, contemplar as estrelas que há dentro de si.

 

As verdadeiras riquezas não estão nas aparências.

Artigos de opinião publicados no site da Agência Ecclesia e Rádio Renascença.

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