Amor sem distâncias
Dizem que a vida devolve tudo que o lhe damos. Então se podes escolher o que ser, sê tu. Os outros já existem. Tu és a peça que falta neste puzzle de amor. Quando te compreenderes peça de um puzzle maior. Quando te perceberes parte e não todo. Saberás que és frágil porque necessitas do abraço, do carinho e do amor do outro. Saberás que ser sensível é sentir a dor do outro como tua, é ser consciente de que a sua história poderia ser a tua. Ao compreenderes o mundo, compreendes também que não existimos sozinhos, pelo contrário somos extensões uns dos outros.
Não é fácil e exige um exercício diário. Mas experimentemos caminhar assim, viver assim como se o outro pudéssemos ser nós. Como se os problemas e desafios que lhe acontecem pudessem ser os nossos, pudessem acontecer connosco. Aprendemos a caridade e a misericórdia quando o mundo deixa de estar longe e distante para estar próximo, para estar ao nosso lado, para poder ser o nosso vizinho, para poder acontecer como se se tratasse da nossa família.
Precisamos de ganhar consciência que a outro um dia podemos ser nós de que pode acontecer connosco. Ser parte do outro. Caminhar com o outro. É saber que não há distância entre quem sou e quem ele é. É saber que somos em conjunto, vivemos em conjunto. E que isto não deve ser apenas um ideal bonito para o futuro mas um caminho que percorremos agora. São Paulo diz-nos “assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” (Rem 12, 4-5) ou seja não temos vida uns sem os outros. Não existimos sozinhos. Precisamos do outro, dos vizinhos, amigos e irmãos para caminharmos, vivermos e apoiarmo-nos mutuamente. Necessitamo-nos mutuamente numa cadeia de amor sem fim. Não somos o todo. Precisamos do outro para ser e viver o amor em completo. Este é o grande segredo ter consciência de que não existimos sozinhos. Ter consciência de que para ser felizes e viver em amor precisamos do outro imperfeito, frágil e sensível tal como é. Ao amá-lo tal e como é estaremos a amar-nos tal e como somos.