Reconhecer a Deus

Crónicas 5 novembro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

Vivemos na cultura dos desencontros. Vivemos na cultura em que todos os telemóveis e aparelhos digitais têm GPS. Temos e fazemos de tudo para sabermos onde estamos, para estarmos contactáveis. Ainda assim parece que alguma coisa falha porque ainda que com tanta tecnologia permanecemos incapazes de verdadeiramente nos encontrarmos.

 

O Papa Francisco fala-nos que o verdadeiro encontro segundo jesus trata-se de “Não olhar apenas, mas ver; não ouvir apenas, mas escutar; não só cruzar com os outros, mas parar. Não dizer apenas ‘que pena, pobres pessoas’, mas deixar-se levar pela compaixão. E depois, aproximar-se, tocar e dizer do modo mais espontâneo no momento, na linguagem do coração: ‘Não chore’. Dar pelo menos uma gota de vida”.A missão é feita de encontros. Encontrar-se é dar-nos ao outro, é entregar-nos ao outro. A missão é dar vida ao amor, é ser amor, é permitir que jorre através de nós o amor de Deus. A missão é dar a vida gota a gota.

 

Falar de encontros é falar de duas pessoas perdidas disponíveis para encontrar-se. Estás tu disponível para que te encontrem? Pedro Abrunhosa disse: "todos nós nalgum momento da nossa vida nos perdemos, ficamos perdidos. E porque para nos encontrarem é preciso estar perdido. Então percam-se para se poderem ser encontrados. Percam-se, porque dois perdidos que se encontram são um grande achado." Só encontra ou é encontrado aquele que se aceita como perdido, aquele que aceita que é frágil, aquele que aceita que o mundo o veja de alma desnuda, aquele que arrisca escancarar todas as suas feridas, aquele que se desapega de medos e inseguranças e se esvazia de preconceitos. Estar perdido é assumir que não sabemos tudo, que não conhecemos tudo. Estar perdido é estar à procura do amor nos outros e no mundo.

 

Perder-se também é caminho (Clarice Lispector). Desapegar-se, entregar-se também é caminho. É o caminho rumo à cultura do encontro. Talvez o primeiro passo rumo à criação dessa cultura é assumirmo-nos como perdidos. E estando perdidos, sintonizar o GPS do coração. Lembrando-nos que como nos diz o principezinho “O essencial à vida é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração”então usemos os olhos do coração porque se o fizermos como um dia me segredou um amigo conseguiremos ver mais dentro. E o que vemos? - perguntei eu. Vemos Deus em cada pessoa - respondeu-me. Então encontrar alguém é ser capaz de reconhecer Deus.

paula ascenção sousa. a minha religião é o amor. cresci católica, descobri-me missionária. acredito e vivo o amor sem rótulos, sem barreiras, para todx. vivo do amor,  por amor e com amor e para amar.

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