Ser missionário e fazer casa em cada sítio
Ser missionária é deixar casa em casa sítio. É construir com sonhos, alma e coração uma casa feita de pessoas a cada sítio por onde passas, a cada vida com a qual te cruzas. Partes sabendo que nunca mais serás completa. Partes sabendo que nunca mais serás completa. Que parte de ti estará sempre noutro sítio. Parte da tua alma terá sempre outra casa. São muitos os sorrisos que forram agora a parede da tua alma. São muitos os abraços e os corações a que sonhas voltas em oração rezando. São afinal muitas as casas onde habita a tua alma. São muitos os rostros. São muitas vidas e as histórias guardadas em ti. Tantas como os quilo quilómetros percorridos que são imensos.
Perdi em conta às dificuldades até cá chegar. Perdi em conta ao cansaço e aos obstáculos que ultrapassei como pessoa e ultrapassámos como comunidade. Em caso de dúvida pergunto-me: o que o amor faria?
E isso é a magia necessária para transformar o cansaço em alegria e o suor em energia para correr e jogar mais um ou dois ou múltiplos jogos. No caminho da missão percebes a importância da disponibilidade para servir e sobretudo na importância da disponibilidade para ser e estar. Simplesmente. Somos chamados a ser e estar tal e como somos. Não como gostaríamos de ser mas sim como somos neste presente.
Por isso sim estar em missão também se trata de aceitar a casa que és tal e como é. E aceitar que há medida que te entregas, que te deixas talvez também tu mudas. Há uma parte de ti que fica e não mais volta a cada passo que dás em frente. Com o tempo começas a perguntar-te e pouco a pouco a compreender que secalhar não precisas de nada disso. Só necessitas de ti e de amor. Nada mais. Com o tempo e a vida na missão percebes que a única constante é a mudança. E aceitas que assim na vida e no amor. E que agora partes. Amanhã chegarás. Ciclos. A vida é feita deles. Difíceis com pedras e obstáculos. Mas tão necessários como o inverno e o outono são à Primavera.