Não tenho saudades do passado. Nunca tive. Já passou e ainda que no momento presente seja capaz da inocência de o ver com olhos de primavera e por isso parecer um pouco melhor. O mistério é o que dá a beleza à vida. A diferença entre este sítio em que estou e outros onde já estive é a segurança. A segurança de quem sou, de onde estou e para onde quero ir. Sim, eu sei para onde quero ir. E quanto chegar o momento, eu seguirei. Deixei de viver a frustração do passado e a ansiedade do futuro.

Há uma frase de Lao tzu que me marcou muito que diz “se te sentes depressivo estás a viver o passado. Se te sentes ansioso estás a viver o futuro. Se te sentes em paz estás a viver o presente”. Hoje vivo-a. É difícil caminhar fazendo planos sem deprimir ou desiludirmo-nos pelo passado ou ficarmos demasiado ansiosas pelo futuro. É tão difícil quanto inevitável. Aprender com o passado, com nossos erros, escolhas e opções. E seguir o nosso coração confiando e acreditando em nós e no caminho que estamos a traçar ajuda a ultrapassar a ansiedade do futuro. Mas a mudança deu-se quando comecei a duvidar de mim, das minhas capacidades. A mudança deu-se porque percebi que sou o que penso. E se penso que não sou capaz então não vou chegar lá. Preciso de acreditar em mim. Preciso de acreditar verdadeiramente em mim e naquilo que estou a fazer ou não vai resultar.

“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes” (Ricardo Reis) trata-se disto. De ser por inteiro, de nos entregarmos por inteiro, de acreditar por inteiro. Trata-se de te entregares com tudo o que és. Trata-se de descobrires o que te faz vibrar o que te faz feliz no cansaço. O que te faz sair de casa a meio da noite? O que te faz levantar pela manhã? O que te faz vibrar? O que te faz ser tu?

Não há respostas certas. Há a tua resposta. Há a tua vida.