Amor ao próximo
Quem é o meu próximo? Muitas vezes me questionei sobre a importância de saber quem é e de que forma o posso amar. Jesus diz-nos que devemos Amar a Deus e ao próximo, como a nós mesmos. Nisso que se resume o mandamento da Lei. Parece simples, até porque as palavras são simples e concisas. Apesar disso, sempre achei uma tarefa difícil de realizar. Mas no momento em que “embarquei” para a minha segunda missão eu tinha a certeza que ia compreender e realizar este mandamento.
Em agosto de 2018 parti, novamente, em missão. Desta vez para Moçambique, por três meses. O primeiro mês, acompanhada por um grupo de voluntários e os dois meses seguintes, ficaria sozinha. Calhou me em sorte a comunidade de Massangulo, no norte de Moçambique bem perto da fronteira com o Malawi.
A comunidade de Massangulo, cedo se tornou a minha comunidade, a minha família e a minha casa. Ali, onde se experiencia a pobreza, a falta de recursos e muitas vezes a falta de alimento, vive-se o mandamento maior, o Amor. O amor verdadeiro, sem farsas, sem pedir nada em troca. Cada abraço, cada beijo e cada carinho que recebi, senti que eram verdadeiros.
Durante a estadia fomos visitando algumas pequenas comunidades, pertencentes à paróquia, mas muitas delas deslocadas e de difícil acesso. Mas em cada uma delas havia um sentimento de partilha e de amor infindáveis. Na primeira comunidade que visitamos, percebi que aquela gente, preparou-nos um banquete. Provavelmente nunca, em suas casas, teriam oportunidade de experimentar a refeição que nos prepararam, mas uniram todos os esforços e todos os “meticais” necessários para que nada nos faltasse. Aí recebi o primeiro “toque” do significado de amor ao próximo. A refeição não era nada diferente daquilo que comemos nas nossas casas, arroz, feijão e carapau. Mas para eles era do melhor que podiam apresentar. Era dar sem pedir nada em troca, não para se exibirem ou vangloriarem-se, mas para nos alegrar e agradar. Enquanto nós saboreávamos o banquete, eles comiam a “chima” (é uma mistura de farinha de milho e água). Os seus olhos brilhavam de contentamento, por nos terem servido o melhor.
Apesar de eles falarem o dialeto “Chichewa”, não foi impedimento para nos comunicar. Bastou um sorriso ou um abraço, para logo nos entendermos. Realmente a melhor linguagem é o amor. E o Amor é universal e é a melhor via de comunicação.
Ali, virada para a montanha, dividida entre Moçambique e o Malawi, eu senti que aqueles eram o meu próximo. Como podia eu não os amar? Ali naquele lugar silencioso e, quase, deserto eu senti a brisa de Deus. E Deus sussurrou “agora entendes?”. Amar o próximo não é presentear com coisas de elevado valor material, mas é dar-nos. A partir daquele momento eu compreendi que, realmente, somos melhores quando damos e quando nos damos.
Mais uma vez, Deus fez-se presente e de uma forma bonita e suave, sem grandes alaridos, sem grandes pompas e circunstâncias. Sempre com o sentido de me ensinar que é nas pequenas coisas, que vou encontrar grandes valores. Amar o próximo é a maior prova de amor!