Ser fermento

Crónicas 7 dezembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

O Papa Francisco desafiou os jovens a não terem medo de sujar as mãos e de serem fermento, neste mundo.

 

O fermento serve para fazer crescer pão e bolos. Ser fermento é continuar o trabalho, de todos aqueles que foram jovens sonhadores e conseguiram criar, inovar e construir. Dando uma nova esperança em cada dia.

 

Estarão os jovens preparados para esta, tão nobre, missão? Terão os jovens medo de “sujar” as mãos e meterem mão à obra? Quem os ajuda ou prepara? Quem os vai acompanhar? É muito fácil transmitir toda a teoria, mas difícil é praticar, para ser exemplo.

 

Todos os jovens têm sonhos, mas precisam de bases de apoio para os puderem realizar. Todo aquele que mostra obras, torna-se exemplo para os outros. Sendo elas boas ou más. Por isso, devemos sempre agir pensando que, outros estão a aprender connosco.

 

Na minha missão em Moçambique, tive oportunidade de privar com alguns adolescentes e jovens, todos eles sonhavam um futuro melhor do que o dos pais. Queriam sair da comunidade e viajar. Muitas vezes ouvia a expressão “viajei”, “viajou”. Percebi mais tarde que, o viajar deles era sair daquela monotonia e procurar vida ativa e com futuro. Em algumas das viagens que fazia lá de carro, parecia estar a passar por imagens paradas, pareciam quadros pintados e pensava “qual o futuro desta gente? “. A maior parte deles não tinham objetivo de vida definido, muitas crianças não iam à escola (porque os pais precisavam deles para os trabalhos de casa), as meninas eram ensinadas a serem mulheres e nem tinham direito a infância. Mas depois tinham aqueles que estudavam, queriam ter uma profissão e ter uma voz na sociedade. Infelizmente há países que não permitem que os jovens cresçam e sejam fortes.

 

Quando penso nas oportunidades que muitos jovens europeus têm e desperdiçam, lembro me daqueles jovens que sonhavam “viajar”. Como podem estes jovens ser fermento sem sujar as mãos? Jesus, o nosso exemplo, nunca teve medo de sujar as mãos, de se ajoelhar perante o outro, tornando-se assim num exemplo de serviço aos outros. Só quando, nos colocamos ao dispor dos outros é que nos tornamos exemplo.

 

Não tenhamos medo de sujar as mãos, pois o resultado final será uma bela obra de arte!

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Nasci em 1982, a 4ª filha de 6 irmãos. Natural de Sobrado, Valongo. Sou escriturária de profissão.

Somos uma família católica e, os meus pais, sempre nos guiaram no caminho de seguir Jesus, frequentando a catequese e a Eucaristia.

Desde cedo quis ser catequista e quando terminei o percurso catequético, fui catequista. Hoje ainda sou, para além de participar noutros grupos paroquiais.

Sempre tive vontade de partir em missão, muitas vezes o medo ou a insegurança, fizeram me recuar. Não sou pessoa de ter coragem, de dar o primeiro passo. Mas, sempre que via reportagens ou artigos sobre pessoas que partiam em missão, o meu coração “contorcia-se”. Eu sabia que tinha que ir. Em 2017 surgiu a oportunidade de embarcar numa missão para o Uganda e depois em 2018 para Moçambique.

Nestas experiências percebi e aprendi, que sou mais feliz quando faço os outros felizes. Que com pouco posso fazer muito. Não existem barreiras que nos dividam com ninguém.

Ali aprendi quem é o meu próximo! Se o podia ter descoberto aqui na minha paróquia? Claro que sim. Mas estas missões servem para sairmos de nós mesmos e sentirmos a necessidade de ir ao encontro do outro. Num contexto social diferente os nossos olhos “transformam-se” e aprendemos a ver doutra forma.

Posso dizer que fui muito feliz!

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