Sejamos!

Crónicas 17 julho 2017  •  Tempo de Leitura: 2

«Sê tu todos os outros já existem» lembro-me de ler esta frase numa dessas tantas imagens que atravessam internet fora e demorar nela. Lembro-me de fazer sentido. Lembro-me de me sentir mais livre. Ser eu, poder ser eu, é para mim a maior liberdade do ser humano. Já perdi a conta às vezes que não fui eu, não fiz o que quis e me deixei levar. Ao rezar percebi que somos chamados a ser nós. Deus criou-nos especiais e únicos. Cada um de nós é chamado a ser tal e qual como é, tal e qual como foi sonhado e criado por Deus. Somos chamados a ser. E não entendam ser como uma tarefa fácil, como um caminho fácil.

 

Ser não é simplesmente fazer tudo o que queremos. Ser é conhecer o nosso coração e a nossa alma e deixar-nos levar por eles. Ser não é ter sempre razão. Há um poema de Nayyirah Waheed que diz “if we must both be right. we will lose each other” Ou seja, se tivermos que estar os dois certos, perder-nos-emos. Ser exige autoconhecimento, exige que saibamos quem somos, para onde nos movemos e para onde queremos ir. Para ser é igualmente importante darmos a liberdade ao outro de ser tal e qual o que é e sente. Só assim teremos também a liberdade de ser. Ser implica amar-nos como somos e, em consequência, amar o outro tal e qual como é.

 

Ser com Deus exige que saibamos para onde nos leva e deixar que nos leve, deixar-nos levar por Deus é deixarmo-nos amar por Ele. Ser é permitirmo-nos errar, estar tristes, frágeis, dramáticos, instáveis, apáticos com a mesma naturalidade com que estamos felizes, alegres e gratos. Ser é chorar com a naturalidade de quem sorri. É deixarmo-nos ser frágeis com a naturalidade de quem tem força. Ser é deixarmo-nos ser amados, ser tocados por Deus, pela vida, pelo amor e pelas pessoas. É deixarmo-nos revoltar. Ser é permitirmo-nos viver a vida com os nossos olhos. Permitamo-nos ter lutos, ter dores de tanto rir, ir com a maré ou fugir à rotina. Permitamo-nos ser. Permitamo-nos ser o que quisermos. Deus ama-nos tal como somos. Deus escolheu-nos tal e qual como somos. Sejamos inteiros. Deus pede-nos que, sem medo, sejamos e deixamos que o outro seja!

paula ascenção sousa. a minha religião é o amor. cresci católica, descobri-me missionária. acredito e vivo o amor sem rótulos, sem barreiras, para todx. vivo do amor,  por amor e com amor e para amar.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail