De um lado da rua uma festa e do outro um velório
A meio da noite, resolves sair à rua e andar um pouco. À medida que caminhas sozinho por entre tantas casas onde as solidões costumam viver umas em cima das outras, escutas algo de inesperado….
De um dos lados da rua chegam-te os sons de uma festa, a alegria e a distração espalham-se na noite e tocam-te… mas segues adiante, porque, na verdade, a vida é algo bem mais profundo do que música, sorrisos e conversas simples.
Olhas para o outro lado, porque te dás conta de uma luz estranha. Numa casa ao lado, há velas a luzir sobre um corpo que outros vigiam e do qual se despedem. Colocas o teu olhar no chão e segues adiante, porque, na verdade, a vida é algo bem mais elevado do que silêncio, tristeza e despedidas.
Mais adiante, do lado onde havia uma festa está outro velório. Do outro lado, uma festa… estranha noite e estranha rua estas.
O que trazes contigo no coração daqueles de quem já tiveste de te despedir? O bem que fizeram e nos deram.
Dos outros, dos que não amaram e nada deram, nada fica. E, mesmo dos que nos amaram, apenas fica o bem.
O mal passa porque deseja apenas o instante. O bem, esse permanece, porque é dele a eternidade.
O mal não fica e o bem não se perde.