Depois de dois anos de pandemia, voltei a ter uma Missa de Finalistas na escola. Um colégio laico que respeita toda a crença e procura dar uma formação integral a todo o aluno.

O padre António, lá do alto do presbitério, um pátio entre a casa centenária, o jardim do diretor e a infantil, disparou esta pergunta logo no início da sua homilia. Terrível! Sim. Não procurava apenas questionar os finalistas, mas toda a assembleia onde eu me encontrava. E aquela pergunta percorreu todo o meu ser, naquele clima de festa, em que todos celebram metas alcançadas e caminhos percorridos….

Porém, para mim, foi arrepiante. O que é que eu estava ali a fazer? Era apenas um professor de EMRC que acompanhou aqueles alunos, alguns desde o 5º Ano? Era apenas um profissional que voltava a realizar uma planificação disciplinar com currículo oculto? (Oculto aqui, não se refere a segundas intenções, ou intenções obscuras, mas a tudo aquilo que passamos aos outros através de atividades que estão para além do programa e das aprendizagens pedagógicas). Era apenas um crente?

De facto, aquela pergunta percorreu-me todo o sistema nervoso, cada vértebra ou neurónio. No meio de tanta alegria, de tanta felicidade daqueles alunos e familiares, procurava uma resposta…

Em tempos ouvi, de alguém velho, aliás, muito velho, que o segredo para a sua longevidade estava nos seus laços sociais. Ao longo da sua vida foi perdendo todas as suas referências: os pais faleceram, bem como os outros familiares e muitos amigos. Procurou sempre, estabelecer novos laços e novas relações. Para isso foi necessário ter o desejo em atualizar-se com novos conhecimentos sobre a realidade em constante mudança e evolução. É fundamental viver o presente com a sabedoria do seu passado, aprendendo para o futuro.

O que estou aqui a fazer? 

Padre António, numa tentativa de resposta com menos de 24 horas, não tenho dúvidas que estou aqui com os outros. Estou aqui enquanto estiver em relação com os outros. Jamais serei feliz sozinho.

Para mim, que procuro seguir Jesus Cristo porque fonte da verdadeira vida, sei que sem relação com Ele, nunca serei verdadeiro Homem. E devo procurá-Lo no conhecimento de todos aqueles que me precederam. Procurá-Lo na atualidade para O encontrar definitivamente no futuro.

Nunca serei verdadeiro humano, porque Tu, Jesus Cristo, foste, és e serás o Caminho, a Verdade e a Vida.

Portanto, aqui procuro fazer este caminho.