O carteiro
“Era uma vez, uma bela rapariga veio morar para a aldeia. Ao vê-la pela primeira vez, um poeta ficou imediatamente apaixonado e decidiu então dedicar-lhe os seus melhores poemas de amor! Todos os dias lhe escrevia uma carta com um poema novo, e enviava pelo correio na expectativa que fosse retribuido de alguma forma! O tempo foi passando e nunca recebeu nenhum feedback da sua amada. Um dia finalmente chegaram notícias: tinha casado com o carteiro!”
À primeira vista esta história apenas parece caricata, a verdade é que esta história tem a ver com cada um de nós. O poeta, consciente do seu grande dom, fez o que estava ao seu alcance para conquistar o amor da bela rapariga mas que palavras faltaram ao poeta para não a conseguir conquistar? E qual seria o dom que o carteiro possuia? Qual o seu segredo? Embora não pareça, esta história revela de forma muito precisa, a forma como vivemos o Evangelho na nossa vida.
Os poetas são estáticos, inertes a tudo o que se passa à sua volta, apenas se interessam por aquilo que eles acham que vai acontecer. São aqueles que dizem que são cristãos mas não praticam, sem saberem sequer o que é praticar! São aqueles que dizem que acreditam mas ficam apenas pelas palavras, à espera do retorno. No fundo, os poetas não se deixam habitar pelo Espírito Santo!
Os carteiros são ativos, são os portadores da mensagem. São aqueles que tendo a mensagem vão ao encontro do outro. São os cristãos que não guardam o Evangelho para eles próprios, mas levam-no a quem dele precisa. São aqueles que acreditam na Palavra viva e que se faz ação! Os carteiros recebem sempre a sua recompensa: O Espírito Santo faz morada no seu coração!
A Palavra só faz sentido quando vai ao encontro do outro, seja em forma de anúncio, seja em forma de estilo de vida! Um estilo de vida que espelhe o olhar, gestos e atitudes de Jesus. Foi o que os Apóstolos fizeram...
Se os Apóstolos apenas guardassem para si, tudo o que viram e experimentaram ao lado de Jesus, se os Evangelhos tivessem sido escritos e deixados apenas para contemplar o seu estilo literário numa qualquer prateleira num museu, toda a vida de Jesus tinha sido em vão...
Neste mundo digital estamos esquecidos da nossa verdadeira Missão enquanto Cristãos: ir ao encontro do outro. Relembra o P. Francisco: “Não se evangeliza fechado no escritório, sentado à secretária, substituindo a criatividade do anúncio pela tarefa de elaborar ideias. O verdadeiro evangelizador, porque ama Cristo, está pronto a partir para anunciar o Evangelho da paz.” que é o mesmo que dizer: temos que ser carteiros!
Agora tu tens que fazer a tua parte: encher-te do Espírito Santo, meter os pés ao caminho e ser mais um dos muitos carteiros que por esse mundo fora, continuam a ir ao encontro do próximo, não com a palavras escritas, mas com a Palavra! E outros te seguirão porque, acredita, tu “a carta” que levarás é o próprio Jesus!