A fé é simples, não simplista.

Crónicas 9 maio 2023  •  Tempo de Leitura: 4

Para os católicos, o mês de maio é essencialmente Mariano. A devoção e o amor à Virgem Maria é parte integrante da vida dos crentes. A ela, Jesus, debaixo da cruz, confiou como filho o apóstolo João e com ele todos os crentes que seguirão os passos do Filho no caminho do Evangelho.

 

Maria, é mãe da Igreja e da humanidade. Ela olha-nos como mãe, com ternura, com misericórdia, com amor. Foi assim que ela olhou para o seu filho Jesus, em todos os momentos da sua vida: alegres (gozosos), luminosos, dolorosos e gloriosos.  Tal como os contemplamos nos mistérios do Santo Rosário.

 

O Papa Francisco já disse que:

 

«Rezar a Maria não é etiqueta espiritual, mas é uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe somos encorajados a deixar tantas coisas inúteis e a redescobrir o que importa. O dom da Mãe, o dom de cada mãe e de cada mulher é tão precioso para a Igreja, que é mãe e mulher. E enquanto o homem é muitas vezes abstrato, afirma e impõe ideias, a mulher, a mãe, sabe guardar, ligar no coração, animar. Para que a fé não se reduza apenas a uma ideia ou a uma doutrina, todos precisamos de um coração de mãe, que saiba guardar a ternura de Deus e escutar as batidas do coração do homem.»

 

Sendo Maria tudo isso, creio que ela é uma referência significativa para toda a nossa vida. Mais ainda, onde o sofrimento, a incerteza e até o medo podem levar-nos ao desânimo e ao desespero. Ela cuida de nós, intercedendo junto do seu Filho, especialmente nestes momentos. Maria que compreende o sentido de todas as coisas, a Mãe que cuidou de Jesus, agora cuida deste mundo ferido com carinho e dor materna. Assim como ela chorou a morte de Jesus com o coração trespassado, ela tem agora, compaixão pelo sofrimento dos pobres crucificados deste mundo.

 

A oração do Terço é a contemplação dos mistérios da vida de Cristo. Talvez pareça uma religiosidade um pouco antiquada, mas a fé é antes de tudo confiar nas mãos de Alguém que se tem por confiável.

 

Recomendo a leitura de obras como o Tratado da Verdadeira Devoção ou O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário, de São Luís de Montfort. São João Paulo II refere-se a esta última como "uma preciosa obra sobre o Rosário", na qual São Luís Maria caracteriza o Santo Rosário como oração cristológica, que nos leva a meditar os mistérios da vida, paixão e morte, ressurreição e glória de Jesus. Enquanto oração fundamentalmente contemplativa, o Santo Rosário tem cinco objetivos principais: "1) honrar as três Pessoas da Santíssima Trindade; 2) honrar a vida, a morte e a glória de Jesus; 3) imitar a Igreja triunfante, auxiliar a  Igreja militante e aliviar a Igreja padecente; 4) imitar as três partes dos Salmos; 5) encher-nos de graças durante a vida, de paz na hora da morte e de glória na eternidade".

 

A fé é simples, não simplista. É a dos pobres de espírito, como Maria, a pobre por excelência que soube dar lugar a Deus desde o mistério da Encarnação.

 

Saibamos nós também.

 

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogais por nós.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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