Um Amor concreto e exigente
O que é mais valioso? Os laços de sangue? Os bens materiais? A vida profissional?... A nossa vida não depende daquilo que possuímos!
Quais são os momentos em que valorizamos a vida a sério? O sucesso? A fama?... A nossa vida vale mais que a volatilidade desses instantes!
Quando estamos doentes, valorizamos realmente a vida. Podemos andar preocupados com tudo e mais alguma coisa. Podemos stressar com o trabalho ou com a tarefas familiares. Podemos ansiar por datas ou compromissos. Mas agarramos a vida quando ela verdadeiramente vacila.
E a atitude que geralmente assumimos é a da confiança. Confiamos, entregamo-nos aos médicos. Depositamos neles a nossa cura.
É curiosa esta atitude de confiança. É curioso este comportamento de entrega. A vida humana está cheia de exemplos de confiança e entrega. Um bebé confia plenamente na mãe. Um apaixonado entrega-se completamente ao seu amado...
Porém, o Evangelho deste domingo choca-nos...
«Quem amar o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não tomar a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. Aquele que conservar a vida para si, há-de perdê-la; aquele que perder a sua vida por causa de mim, há-de salvá-la.» Mateus 10, 37-39
É verdade que, frequentemente, se encontram no Evangelho, sem nuances e que, à sensibilidade da cultura atual, podem parecer muito duras.
A escolha de seguir Jesus impõe uma espécie de reorganização de toda a nossa existência. O amor que nos leva a escolhê-lo põe em questão todos os outros amores. Os laços de sangue parecem não contar, quando comparados com o seguimento de Jesus... E ao segui-Lo, devemos fazê-lo até ao fim, ou seja, até à Cruz. E o que tem isso de fama ou de sucesso?...
Mateus escreve depois da morte de Jesus e vê na Sua cruz o caminho mestre para o discípulo. Para ser discípulo é preciso tomar a própria cruz, aquela que pertence à própria pessoa.
Quem não toma a sua própria cruz e não me segue, não é digno de mim. Isto significa que o amor ao Senhor deve ser vivido concretamente com e no amor pelos próprios familiares: pai, mãe, filho, filha... O Senhor é ou deve ser amado onde estamos: naquela família, naquele trabalho, naquelas relações...
No fundo, na mais do que o Primeiro Mandamento: «Amar a Deus sobre todas as coisas.»
O amor é concreto ou não é.
O amor ao Senhor é concreto ou não é.