Escreve à mão a tua oração
Recolhe-te e encontra no silêncio tempo para pensares, depois começa a fixar palavras numa folha de papel que expressem o que há em ti de mais profundo. Devagar, pois a mão não acompanha a velocidade do pensamento, antes o obriga a abrandar, permitindo que reflitas e saboreies cada frase.
É bom entregar o que temos de mais íntimo a Deus, de forma ponderada, mais ainda se o fazemos como se estivéssemos a depositar um tesouro num esconderijo. A verdade é que arrancar palavras da tristeza e das preocupações resulta num alívio e numa paz sem igual, como se, ao partilhá-las, nos livrássemos de parte delas.
Escreve a verdade. A tua verdade. Ainda que não seja a verdade de mais ninguém. Os teus sonhos mais loucos, mas também os teus anseios mais simples.
Quase todos temos um coração que ainda não envelheceu… é bom deixá-lo ser livre e escutá-lo com atenção.
Escrever uma oração permite-nos visitar partes de nós que costumamos manter fechadas. Como se percorrêssemos o museu do nosso íntimo. Profundo, rico e único.
Escreve uma oração que não imite nenhuma outra. Escreve-a de tal forma tua que ninguém a consiga imitar.
Deixa nascer em ti o que, como um fogo, se eleva até ao céu. Purifica-te, queimando em ti egoísmos, orgulhos e demais impurezas.
Agradece. Pede perdão. Pede ajuda. Medita. Entrega o teu silêncio. Entrega-te, como se te oferecesses aos braços do amor que te fez existir.
Lembra-te do que foste, do que és e do que queres ser… escreve-o para que o possas ler e assim te sentires ainda mais comprometido. Obriga-te a ser tão bom quanto te é possível, fixando objetivos nobres, confiando que és capaz de os alcançar, apesar de todos os sacrifícios que terás de suportar para o conseguires.
Nunca esperes resposta. Ela surgirá, mas não no tempo nem no modo que imaginas.
O mais excelente da oração é transfigurar quem a faz.
No final, deita o papel fora. Não te preocupes, nem uma letra se perderá.