Vamos Cuidar da Vida: cuidar uns dos outros.
Tenho sempre na memória uma frase, atribuída a Albert Einstein, que diz o seguinte: «Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre.»
Isto vem a propósito de a Igreja portuguesa promover, desde domingo passado, a Semana da Vida, pedindo gestos de «cuidado dos outros».
De facto, é um tema sobre o qual o debate e a reflexão não podem falhar, especialmente no nosso tempo em que este tema se presta a paradoxos dos quais nem mesmo nós, os crentes escapamos: se por um lado, assistimos a um cuidado excessivo com o corpo, a preocupação com a alimentação, com a saúde e a procura do bem-estar, por outro, o nosso tempo é caracterizado pela degradação do seu valor, pelo empobrecimento da dignidade humana, ferida pela violência, pela exploração, por todas as formas de dependência, pela negligência com as crianças e os idosos...
Os progressos nos domínios da investigação científica, da educação e da comunicação devem ser elogiados, mas não podemos ficar calados diante do facto de muitos irmãos e irmãs viverem uma situação de precariedade com consequências desastrosas para a família: cresce a solidão, o individualismo e a indiferença, extingue-se a alegria de viver e o acreditar no futuro.
Como muitas vezes vejo proclamado: Estamos na era da comunicação digital, mas também na era da grande solidão e do grande isolamento!
Mas permitam-me terminar esta minha reflexão com um Grande Sinal de Esperança e Milagre da Vida.
No encontro “Crianças: geração futura” uma das mesas que na tarde de sábado, 11 de maio, reuniu, no âmbito do Be Human, Encontro mundial sobre a fraternidade humana, personalidades eminentes do mundo científico, académico, empreendedor, institucional e desportivo, e algumas crianças. O Papa Francisco também falou com estas últimas.
Transcrevo o diálogo reportado no jornal Avvenire:
«É o Papa quem inicia: “O que é felicidade?”, pergunta às crianças. “Estarmos unidos, em paz, como uma só família, a família de Deus”, respondem. “Onde se compraa a felicidade?”. “Não se compra, vem de nós”. “Se um insulta o outro, pode ser feliz?”, exorta o Papa “Não!”, explodem as crianças em coro. “Dá felicidade sermos amigos” e “estar em contato com Deus com oração e amor”, são fragmentos de respostas oferecidas pelas vozes dos pequenos. “Hoje há muita guerra no mundo. Existe felicidade na guerra?”. “Não!”, é a resposta coral dos mais pequenos. “Vocês sabiam que há crianças na guerra? Eles têm medo das bombas, às vezes não têm o que comer. Se uma criança está de um lado da guerra e outra criança do outro, são inimigos?”, pergunta novamente o Papa. “Não, porque não é culpa deles se há guerra. – respondem as crianças – E porque todas as crianças são uma família."»
É isso. Somos todos uma família! Vamos cuidar uns dos outros. Vamos Cuidar da Vida!